"O discurso de extrema-direita está a ser trazido para a cena pública eleitoralista nacional não por via dos partidos de extrema-direita, que têm pouca expressão, mas por via de um dos maiores partidos do sistema, que é o PSD", condenou Marisa Matias em declarações aos jornalistas à margem da abertura do Fórum Socialismo 2017, a 'rentrée' política do BE que decorre a partir de hoje e até domingo em Lisboa.

Exemplo disso é, na opinião da antiga candidata presidencial, a candidatura de André Ventura à Câmara de Loures e do próprio discurso do líder, Pedro Passos Coelho, no Pontal, onde acusou o Governo de fazer uma cedência ao "radicalismo de esquerda" com uma alteração "à lei de estrangeiros, que na prática permite que qualquer pessoa possa ter autorização de residência em Portugal desde que arranje uma promessa" de contrato de trabalho.

"É política e discurso racista e xenófobo. Deve ser denunciado", criticou, considerando que o papel do PSD na política portuguesa, neste momento, "nada tem de responsável", mas trata-se de "uma enorme irresponsabilidade e muita falta de vergonha porque é falta de memória daquilo que é a história do país".

Por "mais desorientado que esteja Pedro Passos Coelho", continuou Marisa Matias, "não é admissível nem é aceitável", considerando que é preciso "denunciar e combater o enraizamento da política de extrema-direita através do discurso do PSD".

"Pedro Passos Coelho tem de facto preconceito em relação a um conjunto de grupos sociais e neste caso estamos a falar de emigrantes, que é o problema de Pedro Passos Coelho", salientou.

Segundo a eurodeputada do BE, o preconceito do líder da oposição "não são uns emigrantes quaisquer", mas sim os "emigrantes pobres".

"Porque Pedro Passos Coelho durante o seu Governo foi responsável por políticas relativas aos visto Gold e outras que permitem nacionalidade e aí não estava preocupado com a segurança do país. Aí bastava o dinheiro e ser-se rico para ser aceite e abrir a fronteira", justificou.

Marisa Matias lamentou ainda não ter visto ainda "a direção do PSD a demarcar-se na totalidade" quer das declarações de André Ventura quer das de Pedro Passos Coelho.

"É uma situação muito grave para a própria democracia em Portugal", lamentou.