Segundo a ministra, o facto de o indicador da pandemia em Portugal, que sinaliza o número de novos casos e o risco de transmissão da doença, estar na zona vermelha da matriz traduz-se num "maior risco para todos nós, que deve ter consequências nos nossos comportamentos no dia a dia porque uma coisa é estarmos num ambiente mais seguro e outra num ambiente com maior risco. Neste momento, estamos num ambiente de maior risco".

"Para ter percepção, nós já estivemos, em janeiro, numa zona que nem sequer cabia naquele quadradinho [matriz de risco]. Não queremos voltar a uma situação desse género. Se não tomarmos todos as medidas necessárias – comportamentos individuais, vacinação e testagem – corremos o risco de não conseguir parar uma evolução da transmissão da doença", afirmou.

“Neste momento, temos estimativas que vão até meados de julho e que nos colocam já com um número de novos casos para lá dos quatro mil e com um número de internamentos para lá dos 800 e cuidados intensivos para lá dos 150”, antecipa a ministra.

“Neste ritmo de crescimento, daqui por 15 dias duplicámos o número de casos. Ou seja, em vez de termos os dois mil, teremos cerca de quatro mil, claro que com variações regionais, mas tenderemos a dobrar os casos”, acrescenta, salientando que "este é o cenário garantido, se nada se inverter" e que "não é um bom cenário".

A ministra destaca que é por isso fundamental o esforço que se está a fazer de nas próximas semanas “vacinar a um ritmo que pode até pôr em causa a qualidade logística e que traz uma enorme pressão para o sistema”.

Marta Temido explica que vários países já se começam a deslocar do quadrante esquerdo da Matriz de Risco para o quadrante direito, o que é “função de uma nova variante”.

“Na luta contra o vírus, não podemos deixar o vírus desenvolver-se para se adaptar à nossa estratégia de vacinação. Por isso é que isto é uma corrida contra o tempo", acrescentou.

Sobre um eventual agravamento das medidas de controlo da pandemia, refere que não se pode “afastar nenhum tipo de medidas", relembrando, porém, que atualmente "não há quadro legal para o confinamento, isso implicaria o estado de emergência".

A ministra da Saúde explicou que 800 mil vacinados é a meta para esta semana e relembrou que a vacinação contra a covid-19 permite que o cenário do número de casos previsto, caso se confirme, não tenha “sobre o sistema de saúde o impacto que teve quatro mil casos em outubro ou novembro passado”. Ainda assim, relembrou que “há consequências da covid a médio e longo prazo e nós não podemos ficar indiferentes à doença e ao risco que criamos na vida dos outros”.

Questionada sobre o isolamento profilático do primeiro-ministro, apesar de já ter o esquema vacinal completo, Marta Temido esclarece que a vacina serve para "proteger de doença grave e muitas vezes para evitar a morte", justificando que "não significa que as pessoas não apanhem a doença" e que "ainda não temos a verdadeira noção até quanto é que uma pessoa vacinada não é um transmissor, face principalmente a uma nova variante".

Vacinação em menores de 18 no fim de agosto

Os jovens com idade inferior a 18 anos deverão começar a ser vacinados contra a covid-19 na última semana de agosto, se o Governo conseguir manter o plano de vacinação previsto, anunciou hoje a ministra da Saúde.

“Aquilo que nós estimamos é seguirmos este plano que temos e com as quantidades de vacinas a continuarem a chegarem-nos conseguirmos abrir na última semana de agosto vacinação para os menos de 18 [anos]”, adiantou, acrescentando que a vacinação nos menores de 18 só será possível só se forem cumpridos os planos de vacinação.

“Neste momento, sabemos qual é o nosso contexto. Temos uma vacina que já tem uma indicação clara para os mais de 16 anos, temos um plano de vacinação que vai até aos 18 anos e continuamos apostados em proteger aqueles que são mais vulneráveis à doença grave e ao internamento”, afirmou, ressalvando que o início do ano letivo não está em causa.

Marta Temido salientou ainda que a Comissão Técnica de Vacinação contra a covid-19 da Direção-Geral da Saúde (DGS) está a apreciar, em termos técnicos, como é plano se vai adaptar à “população mais jovem que tem especificidades pediátricas”.

A ministra da Saúde pediu "paciência" aos jovens, apelou à vacinação e à testagem, reforçando que o país precisa desta faixa etária para o objetivo comum: travar a pandemia.

"Se conseguirmos fazer-lhes passar esta mensagem de que está nas mãos deles e que este não será o último verão das vidas deles, é o melhor caminho para termos um outono e um resto das nossas vidas melhor", afirmou a ministra.