Mauro Biglino faz estas declarações no livro “A Bíblia não é um Livro Sagrado”, que apresenta no próximo dia 23, às 18:30, na FNAC Colombo, em Lisboa.
Na abertura do livro, o autor italiano esclarece que “o termo Bíblia, usado por comodidade, indica justamente o Antigo Testamento”, e justifica: “Na aceção comum a ‘Bíblia’ é o Antigo Testamento e, como o resto dos outros livros, é conhecida pela definição sintética de Evangelhos e Novo Testamento”.
Segundo Biglino, esta sua obra “coloca em evidência como a ‘divindade’, espiritualmente falando, não está presente no Antigo Testamento e que, principalmente, não há Deus, não há culto algum destinado a Deus”.
Para o investigador, autor de outras obras como “Il Libro che Cambiarà per sempre le nostre Idee sulla Bibbia” e “Il Dio Alieno della Bibbia”, o Antigo Testamento “foi objeto de um colossal engano” e “é um trabalho de ocultação praticado ao longo de séculos, por parte de quem quis utilizar aquele conjunto de escritos para fins que nada têm a ver com a espiritualidade”.
O termo “espiritualidade” tem sido “amplamente usado, mas de maneira enganosa, ou pelo menos errada, por parte de quem age de boa-fé”, escreve.
“Aquilo que conhecemos do Antigo Testamento é aquilo que os poderosos de cada época nos quiseram transmitir, a partir dos teólogos hebreus, que deram início à elaboração da doutrina monoteísta, até às estruturas atuais, que agem através de sistemas de pensamento teológicos e ideológicos desprovidos de qualquer fundamento”, que “só a mistificação sobre o texto bíblico tornou possível a sua difusão”, atesta.
No Antigo Testamento, argumenta Mauro Biglino, “há a obediência temerosa, direcionada a um indivíduo que se chama Yahweh, que pertence ao grupo dos Elohim, seres de carne e osso que nunca são definidos como ‘deuses’, em termos espirituais”.
“O livro do Eclesiastes, que na Bíblia hebraica é chamado Kohelet, afirma com uma clareza que não deixa espaço a dúvidas que o homem nada tem a mais (alma ou espírito) em relação aos animais e que, depois da morte, homem e animais vão para o mesmo lugar”.
No prefácio, a jornalista Sabrina Pieragostini, da Mediaset, afirma que ler Mauro Biglino “representa uma vertigem constante”, que é um autor “desestabilizador”, que a “golpes de picareta” faz “uma análise textual, meticulosa até chegar a ponto de se tornar obcecada, que coloca em evidência cada mínima contradição e elimina qualquer superestrutura teológica”.
Sobre o seu trabalho escreve que o fez “com o esmero de um filólogo, traduzindo literalmente passagens completas do hebraico ou detendo-se em cada palavra, enfrentando variantes e interpolações no texto massorético original”.
A jornalista adverte que ler Mauro Biglino “significa aceitar discutir todas as nossas certezas”, pois o autor considera que o Antigo Testamento não é sagrado, na medida que nem fala da criação, nem de Deus.
Mauro Biglino, segundo nota disponibilizada pelos Livros Horizonte, que chancelam a edição portuguesa, tem colaborado em várias revistas, é um "estudiosos de História das Religiões", tendo sido o tradutor de hebarico antigo para as Edizioni San Paolo, de Itália, e "dedica-se, há quase 30 anos, aos chamados textos sagrados".
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