Um artigo publicado pelo The Guardian refere que avanços na ciência da longevidade, inicialmente voltados para cães, podem beneficiar também os seres humanos. Empresas biotecnológicas estão a investir em investigações que visam não só prolongar a vida dos cães como também abrir caminho para tratamentos antienvelhecimento em humanos.

A Loyal, uma startup de biotecnologia sediada em São Francisco, prevê lançar em breve o LOY-002, um comprimido diário com sabor a carne que promete prolongar em pelo menos um ano a vida saudável dos cães.

Celine Halioua, fundadora e CEO da Loyal, sublinha que as descobertas feitas no estudo sobre cães podem ser aplicadas aos humanos, uma vez que ambos partilham doenças relacionadas com a idade e vivem em ambientes semelhantes.

Assim, o LOY-002 atua no metabolismo, controlando alterações relacionadas com o envelhecimento, como o aumento da insulina, e visa reduzir a fragilidade associada à idade. Halioua esclarece: "Não estamos a criar cães imortais. Acreditamos que o medicamento prolonga a vida ao melhorar a saúde, desacelerando assim o envelhecimento."

Noutra frente de investigação, o Dog Aging Project, nos Estados Unidos, está a testar o impacto da rapamicina, um medicamento barato e amplamente utilizado em humanos como imunossupressor após transplantes de órgãos. Estudos em ratos já demonstraram que este fármaco pode prolongar a vida e até reverter alguns distúrbios relacionados com a idade.

Daniel Promislow, bio-gerontologista da Universidade de Washington e co-diretor do projeto, afirma que o estudo com cães é "equivalente a um estudo humano de 40 anos". Os resultados preliminares sugerem que doses baixas de rapamicina podem melhorar a função cardíaca e cognitiva dos cães, regulando o crescimento celular e o metabolismo.

Quando o estudo for concluído, dentro de quatro a cinco anos, Promislow espera comprovar que a rapamicina pode prolongar em três anos a vida saudável dos cães.

Considerando os resultados, Promislow insiste que é realista esperar que sua investigação possa passar para humanos. “Se tivermos sucesso com cães, pode ser um ponto de viragem para nos informar como dar às populações humanas uma vida útil extra saudável também”, frisou.