“Depois de quase 15 meses de guerra e da destruição de quase todas as infraestruturas, a maior parte das pessoas em Gaza vive em tendas que mal as isolam do vento, do frio e da chuva”, afirmou a coordenadora de emergências dos MSF no enclave palestiniano, Pascale Coissard, em comunicado.
As famílias na Faixa de Gaza carecem de serviços e bens essenciais e as crianças encontram-se especialmente numa posição vulnerável, segundo a organização.
Na semana passada, três bebés com menos de um mês de idade chegaram sem vida ao Hospital Nasser em Khan Yunis, vítimas de uma descida extrema da temperatura corporal e com um histórico de doenças crónicas.
Os bebés viviam em tendas ao lado de centenas de famílias deslocadas em Al Mawasi, no sul da Faixa de Gaza.
A ONG está a trabalhar no departamento de pediatria do Hospital Nasser, onde cada vez mais crianças chegam com infeções respiratórias.
Segundo o relato de Mohammad Abu Tayyem, pediatra no hospital, todas estas doenças se devem “ao aumento do frio” e também “ao mau estado das tendas e aos escassos recursos para aquecer as crianças”.
A coordenadora de emergências dos MSF em Gaza alertou que os bebés já estão em risco quando ainda estão no útero das mães e, uma vez nascidos, enfrentam “desafios imediatos e extremos”, incluindo o frio.
“Israel continua a bombardear Gaza e a restringir a entrada de bens essenciais” e a “pilhagem de camiões dificulta a chegada da pouca ajuda permitida pelas autoridades israelitas aos necessitados”, denunciou Coissard.
A coordenadora da ONG em Gaza apelou a um cessar-fogo “imediato e duradouro”, classificando tal passo como a “única solução para aliviar o sofrimento da população palestiniana e garantir o acesso aos cuidados médicos e à ajuda humanitária”.
“As nossas atividades no domínio dos cuidados pediátricos, neonatais e obstétricos são apenas uma gota de água no oceano das enormes necessidades médicas em Gaza”, sublinhou ainda.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano Hamas no sul de Israel, em 7 de outubro de 2023, no qual mais de 1.200 pessoas foram mortas e outras 250 foram levadas como reféns.
Após o ataque do Hamas, Israel desencadeou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, que já provocou mais de 45 mil mortos, na maioria civis, e um desastre humanitário, desestabilizando toda a região do Médio Oriente.
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