Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas após um encontro com o homólogo da Jordânia, Ayman al-Safadi, salientou que a diferença, “no sentido positivo”, da posição norte-americana e o cessar-fogo no conflito israelo-palestiniano, permite o relançamento da cooperação para o processo de paz no Médio Oriente.
“Há uma evolução muito significativa, e no sentido positivo, da posição norte-americana. O Presidente [Joe] Biden tem sido claríssimo na defesa da solução dos dois Estados como a solução pacífica e durável para o conflito israelo-palestiniano. E essa é uma diferença muito importante em relação à administração anterior [de Donald Trump]”, sustentou o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português.
“Pensamos, aliás, na UE, que há todas as condições para relançar o Quarteto, isto é, relançar o formato no qual a ONU, UE, Estados Unidos e Federação Russa podem cooperar para relançar o processo de paz no Médio Oriente”, acrescentou.
Para Santos Silva, para já, conseguiu-se um resultado positivo, depois da escalada de violência que eclodiu na região nas últimas semanas: “o cessar-fogo, a cessação das hostilidades”.
“Mas o cessar-fogo permite-nos apenas comprar algum tempo, dispormos de algum tempo. O cessar-fogo não é uma solução. O cessar-fogo é a criação transitória de condições para que o processo político-diplomático possa ser relançado com o apoio de todos aqueles da UE, da comunidade internacional e do mundo árabe que defendem o direito inalienável, quer dos palestinianos quer dos israelitas, a viverem em paz e segurança no seu Estado”, alertou.
Santos Silva reafirmou a posição de Portugal, em linha com a grande maioria da comunidade internacional, da solução de dois Estados, coexistindo pacificamente e com territórios definidos pela lei internacional, tomando como referência as fronteiras anteriores a 1967.
“E essa é a solução para o conflito israelo-palestiniano. E sendo a solução para o conflito israelo-palestiniano é um contributo para a paz em todo o Médio Oriente. Para isso é muito importante que as autoridades legítimas de Israel e da Palestina encetem o mais rápido possível também negociações diretas”, sublinhou.
“É muito importante que a voz da moderação predomine sobre as tendências de radicalização e que os processos políticos prevaleçam sobre a violência social ou a confrontação militar”, acrescentou.
Sobre o encontro com Al-Safadi, que participou hoje no almoço com os ministros dos Negócios Estrangeiros europeus, em Lisboa, dedicado à situação no Médio Oriente e às perspetivas do processo de paz, o chefe da diplomacia portuguesa destacou a “excelência” das relações políticas e diplomáticas entre os dois países.
“As relações políticas e diplomáticas entre Portugal e a Jordânia são excelentes, não há outro adjetivo possível. Temos muitos pontos em comum, desde a dimensão à população, mas sobretudo a forma aberta e moderada como ambos se situam no mundo, como sabem falar com todos, como praticam uma política externa e regional equilibrada. Somos sobretudo a favor da paz, da estabilidade, da segurança e da prosperidade de todos”, acrescentou.
Nesse sentido, indicou, no segundo semestre deste ano está prevista a realização, em Lisboa, de consultas políticas bilaterais para se redefinir a agenda das relações, quer económicas, quer de cooperação nas áreas do turismo, educação e cultura.
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