Conta o The Guardian que, segundo um estudo, 508.000 caranguejos morreram no arquipélago das Ilhas Cocos, no Oceano Índico, juntamente com 61.000 na ilha Henderson, no Pacífico Sul. Estudos anteriores descobriram altos níveis de poluição por plástico nos dois locais.
Os investigadores descobriram que entre um e dois caranguejos por metro quadrado de praia estão a ser mortos devido ao lixo.
O problema está a mostrar-se maior porque os caranguejos eremitas usam o odor de caranguejos que morreram recentemente para escolher as conchas disponíveis, o que está a fazer com que vários caranguejos fiquem presos na mesma área. Por exemplo, 526 caranguejos foram encontrados num único recipiente de plástico.
Alex Bond, curador do Museu de História Natural de Londres e um dos investigadores do relatório, explicou a situação. "Os caranguejos eremitas não têm uma concha própria, o que significa que, quando um dos seus companheiros morre, eles emitem um sinal químico que basicamente diz que há uma concha disponível, atraindo mais caranguejos".
Os caranguejos eremitas são uma parte importante dos ambientes tropicais, visto que espalham sementes e fertilizam o solo. Por isso, o seu declínio pode ter um impacto significativo nos ecossistemas.
As Ilhas Cocos e a Ilha Henderson são altamente poluídas, com pedaços de detritos de grandes dimensões encontrados nas suas praias e em vegetação próxima. E o plástico tanto é prejudicial no mar como em terra. Neste sentido, Bond referiu que o potencial do plástico para causar danos à terra é pouco reconhecido. “No oceano, [o plástico] envolve e é ingerido pela vida selvagem; em terra, ele atua como uma armadilha, como vimos, mas também pode ser uma barreira física para as espécies que se deslocam ao longo do solo", frisou.
Jennifer Lavers, que liderou o estudo, referiu que os "resultados são chocantes, mas talvez não surpreendentes, porque as praias e a vegetação que as rodeia são frequentadas por uma grande variedade de vida selvagem", daí a quantidade de caranguejos eremitas que apareceram.
"É inevitável que estes animais interajam e sejam afetadas pela poluição plástica, embora o nosso estudo seja um dos primeiros a fornecer dados quantitativos sobre esses impactos", disse. Por isso, a mensagem que fica é clara: é preciso investigar ainda mais a taxa de mortalidade dos caranguejos eremitas em todo o mundo, para garantir a continuidade da espécie.
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