Na Linha do Oeste, entre Sintra e a Figueira da Foz, autarcas e comissão de utentes têm alertado para as supressões frequentes de comboios e a sua substituição por autocarros, avarias nas composições, degradação do material circulante, redução de horários, falta de informação aos passageiros, estações encerradas e falta de pessoal.
Os utentes exigem, a curto prazo, maior oferta de horários e a utilização pela CP – Comboios de Portugal - das composições 1400 para substituir composições avariadas, e, a longo prazo, a modernização da linha, prometida há décadas pelos sucessivos governos.
Em Santarém, na Linha do Norte, o Movimento dos Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) mostra preocupação com o estado da ferrovia, a segurança, a manutenção e a requalificação de estações, de cais de embarque e zonas envolventes.
O principal problema está no "troço entre Santarém e o Entroncamento, um trajeto de cerca de 35 quilómetros que nunca chegou a ser intervencionado para poder suportar maiores velocidades do material circulante”, disse à agência Lusa Manuel Soares.
Manuel Soares referiu ainda a necessidade de “requalificação de estações, nomeadamente a de Santarém, Mato de Miranda e outras”, bem como dos “cais de embarque e zonas de estacionamento das estações de Riachos, Rossio ao Sul do Tejo e outras mais que estão votadas ao abandono”.
O representante da Comissão de Utentes da Linha de Cascais, José Medinas, disse à agência Lusa que a supressão de comboios e a utilização de comboios com menos carruagens em horas de ponta condicionam as viagens na linha Cascais-Lisboa.
“Temos situações de avarias frequentes por, na nossa perspetiva, falta de investimento da CP na linha. […] O que é facto é que acontecem frequentemente acidentes na linha e a empresa que trata das questões da manutenção da linha tem feito autênticos milagres com as composições que têm 50 e tal, 60 anos e isto não pode continuar, porque nós somos utentes e queremos a linha de Cascais a funcionar em pleno”, disse.
Segundo José Medinas, é possível constatar diariamente a “falta de segurança e condições” a bordo das carruagens, indicando também que há situações de “utentes que desfalecem” devido ao calor que se faz sentir dentro dos comboios.
Um manifesto pelo fim da concessão da exploração do transporte ferroviário à Fertagus e a integração do serviço na CP foi criado pela Comissão de Utentes de Transportes da Margem Sul (CUTMS), reunindo o apoio de 200 entidades.
“O problema mais gritante é mesmo a falta de investimento, consideramos que é urgente”, disse Marco Sargento, da CUTMS.
Marco Sargento realçou que na península de Setúbal existem diferentes propostas, desde o operador privado Fertagus ao operador público CP, que "têm realidades muito distintas, quer no Eixo Ferroviário Norte-Sul, quer na Linha do Sado, quer nos comboios de longo curso".
“Na Linha do Sado, por exemplo, temos uma via que foi requalificada, mas continuamos a ter material circulante muito velho e degradado, sem condições. Já no transporte suburbano no Eixo Ferroviário Norte-sul, que é operado pela Fertagus, temos composições modernas e estações com alguns problemas, mas ainda assim com poucos anos de idade, e depois temos preços muito caros”, acrescentou.
No Alentejo, no troço Beja/Casa Branca, que permite a ligação de Beja a Lisboa, não circulam Intercidades, porque o troço não está eletrificado, e a CP opera com uma frota de automotoras a diesel com mais de 50 anos.
O serviço “tem vindo a degradar-se, a piorar, é vergonhoso e já revoltante”, disse à Lusa Florival Baiôa, porta-voz do movimento de cidadãos “Beja Merece +”, que tem tido uma intervenção ativa na denúncia de problemas como avarias nas “velhas e desconfortáveis” automotoras, atrasos, supressões e substituições por transporte em autocarros ou táxis de viagens de comboio.
“A forma como os utentes são tratados pela CP gera revolta”, disse, lembrando o caso “grave” de passageiros que tiveram de ser assistidos por bombeiros e pela GNR após uma avaria de uma automotora ocorrida no dia 03 deste mês “no meio da linha”, entre Alvito e Vila Nova de Baronia.
Utentes e sindicatos têm-se queixado da supressão de comboios e da instabilidade de horários na linha do Algarve, onde, nos dois primeiros dias de agosto foram suprimidas cerca de duas dezenas de circulações, segundo a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).
As supressões devem-se sobretudo a “problemas de material circulante” e a “avarias” e têm motivado “transbordo rodoviário” ou “encaminhamento [dos passageiros] para outros comboios”, salientou a FECTRANS, que tem realizado protestos junto à estação de Faro para alertar para estes problemas.
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