“É importante” que tais programas informáticos de vigilância “não cheguem às mãos erradas”, afirmou a líder alemã numa conferência de imprensa em Berlim.
Para a chanceler da Alemanha, estes programas informáticos “não devem ser vendidos a países onde a monitorização pela Justiça das operações (de escuta) talvez não esteja garantida”, reforçou Merkel, que já viu o seu nome envolvido em outros incidentes de espionagem e de vigilância conduzidos por países terceiros e que foram denunciados no passado, como foi o caso das práticas da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos reveladas, em 2013, por Edward Snowden.
Um consórcio de 17 órgãos de comunicação social internacionais denunciou, no domingo, que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos de todo o mundo terão sido espiados através do ‘software’ Pegasus, desenvolvido pela empresa israelita NSO Group.
A empresa, fundada em 2011 a norte de Telavive, comercializa o ‘spyware’ Pegasus que, inserido num ‘smartphone’, permite aceder a mensagens, fotos, contactos e até ouvir as chamadas do proprietário do telemóvel.
A investigação publicada no domingo baseia-se numa lista obtida pelas organizações ‘Forbidden Stories’ e Amnistia Internacional, que inclui 50 mil números de telefone selecionados pelos clientes da NSO desde 2016 para potenciais ações de vigilância.
Ao longo desta semana foi revelado que a lista integra os nomes de vários líderes internacionais como o Presidente francês, Emmanuel Macron, o Rei de Marrocos, Mohammed VI, e o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, bem como de mais de 180 jornalistas em todo o mundo que terão sido espiados por diferentes Estados que têm acesso a este ‘spyware’.
Estas revelações levaram a organização não-governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras a exigir uma moratória sobre as vendas deste tipo de ‘software’.
A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, também apelou na segunda-feira para uma melhor “regulamentação” das tecnologias de transferência e de vigilância, argumentando que esse passo é de uma “necessidade urgente” para assegurar “um estrito controlo e autorização”.
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