“Profundamente triste com o trágico naufrágio ao largo da costa de Pylos, no sul da Grécia, com tantas vidas jovens perdidas, uma lembrança dolorosa de que temos de pôr fim ao negócio sem escrúpulos dos traficantes [de migrantes]. Os líderes da UE abordarão esta questão na cimeira europeia de junho”, divulgou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, numa publicação na rede social Twitter.

O anúncio de que este assunto será abordado pelos chefes de Governo e de Estado da UE surge depois de, esta madrugada, dezenas de pessoas terem morrido afogadas pelo naufrágio de um barco de migrantes na península do Peloponeso, no sudoeste da Grécia.

Também através do Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, mostrou-se “profundamente triste com as notícias do naufrágio ao largo da costa grega e com as muitas mortes registadas”, manifestando-se ainda “preocupada com o número de pessoas desaparecidas”.

“Temos de continuar a trabalhar em conjunto, com os Estados-membros e os países terceiros, para evitar este tipo de tragédias”, vincou Ursula von der Leyen.

O naufrágio da madrugada de hoje ao largo da costa da Grécia provocou pelo menos 78 mortos, havendo ainda dezenas de desaparecidos, indicaram hoje as autoridades gregas.

As autoridades gregas afirmaram desconhecer o número de pessoas que seguia a bordo do pesqueiro, que terá partido de uma zona próxima de Tobruk, no leste da Líbia, com destino a Itália, quando naufragou 47 milhas náuticas (cerca de 87 quilómetros) a sudoeste da região do Peloponeso, no sul da Grécia.

Nas fronteiras externas da UE, no Mediterrâneo, a Grécia é uma passagem habitual para os migrantes que procuram chegar à Europa. Os migrantes também tentam chegar a Itália atravessando o Mediterrâneo no sul do Peloponeso ou na ilha de Creta.

Muitos naufrágios mortais ocorrem anualmente no Mar Egeu.

A Grécia é regularmente acusada por organizações não-governamentais e meios de comunicação de expulsar do seu território migrantes que procuram asilo na UE.

O naufrágio acontece dias depois de, na passada quinta-feira à noite, os Estados-membros da UE terem aprovado, por maioria, um acordo para reformar as regras de asilo, numa reunião no Luxemburgo entre os ministros dos 27 com a pasta das Migrações.

O acordo só foi possível depois de a Itália ter levantado as suas reservas sobre as condições de deportação de migrantes sem direito a asilo que chegam à UE. Hungria e Polónia votaram contra o acordo e Bulgária, Malta, Eslováquia e Lituânia abstiveram-se.

Está previsto o pagamento de uma compensação financeira de 20 mil euros por cada requerente de asilo não recolocado.

A UE prevê por ano a recolocação de 30 mil migrantes e uma contribuição de 660 milhões de euros para o fundo destinado a financiar a política migratória.

Proposto em setembro de 2020, o Novo Pacto em matéria de Migração e Asilo foi concebido para gerir e normalizar a migração a longo prazo, proporcionando segurança, clareza e condições dignas às pessoas que chegam à UE, procurando ainda estabelecer uma abordagem comum em matéria de migração e asilo, baseada na solidariedade, na responsabilidade e no respeito pelos direitos humanos.