“Neste momento os dados estão lançados e os militantes vão avaliar quem é que tem maior capacidade de liderança, quem é que conquistou e manteve o PSD na liderança da região e qual o trabalho que no futuro terá que ser feito”, afirmou o também presidente demissionário do Governo Regional, em entrevista à agência Lusa.
Na corrida para as eleições internas do PSD/Madeira de quinta-feira está também Manuel António Correia, antigo secretário regional do Ambiente e Recursos Naturais da governação de Alberto João Jardim. Os dois candidatos já se defrontaram em internas em 2014, tendo Albuquerque vencido, numa segunda volta, com 63% dos votos.
Albuquerque recordou que estas eleições decorrem da crise política gerada pela investigação sobre suspeitas de corrupção no arquipélago. O chefe do executivo PSD/CDS foi constituído arguido e demitiu-se do cargo depois de a deputada única do PAN lhe ter retirado a confiança política, inviabilizando o acordo de incidência parlamentar que assegurava a maioria absoluta no parlamento regional.
Também foram detidos, durante 21 dias, o presidente da Câmara do Funchal, o social-democrata Pedro Calado – que acabou por renunciar ao cargo — e dois empresários. Ficaram depois em liberdade porque o juiz de instrução criminal considerou não existirem indícios dos crimes.
Miguel Albuquerque mencionou que, na sequência da investigação judicial, se apercebeu de que “havia algumas movimentações dentro do partido”, pelo que foram marcadas eleições, “no sentido de reforçar e clarificar a direção política do PSD/Madeira”.
São cerca de 4.000 os militantes que podem votar e, para já, a eleição “está a decorrer normalmente”.
“Nada está garantido”, considerou o candidato, afirmando, contudo, que o seu adversário “é um militante que não participou nos últimos 10 anos” na vida do PSD/Madeira e “não tem qualquer currículo vencedor de liderança e muito menos de conquista de qualquer eleição”.
O dirigente considerou “uma falácia” as afirmações públicas de Manuel António Correia quando disse que “o partido estava fragilizado, estava doente e divorciado dos madeirenses e porto-santenses”, e destacou que o PSD tem ganhado eleições consecutivamente.
“Vencemos as eleições europeias [2019], as eleições regionais de 2019, as nacionais de 2019. Enfrentámos a covid — antes, o PAEF [Programa de Assistência Económica e Financeira] – e, após a covid, vencemos as autárquicas de 2021, com a reconquista da maior câmara da Madeira, que foi o Funchal. Depois tivemos as eleições antecipadas nacionais de 2022, que vencemos de forma clara, vencemos as legislativas de 2023, com a conquista dos 11 concelhos e 52 das 54 freguesias. E, agora, vencemos as nacionais com mais 2.000 votos do que nas anteriores”, argumentou.
Para Albuquerque, se o “partido estivesse divorciado dos madeirenses perdia as eleições”.
O social-democrata garantiu que está “muito motivado” para esta luta interna e preparado para qualquer cenário decorrente da decisão do Presidente da República sobre a crise política.
“Gosto de navegar à bolina, com os ventos contra. Com ventos contra ando melhor”, concluiu.
Em 24 de março, passados seis meses sobre as legislativas regionais, termina o prazo em que a Assembleia Legislativa não pode ser dissolvida. O chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, irá então decidir se avança com a dissolução e a marcação de eleições. Caso não o faça, o representante para a República na Madeira, Ireneu Barreto, vai nomear um novo Governo Regional, solução aceite pelo PAN desde que Albuquerque não seja reconduzido.
Comentários