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*Notícia atualizada às 00h21
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Em declarações à imprensa numa das zonas mais críticas destes incêndios, no Curral das Freiras, em Câmara de Lobos, Miguel Albuquerque, líder do Governo Regional da Madeira, fez um balanço da situação e rejeitou críticas relativas à sua ausência e à recusa em aceitar, desde o primeiro momento, a ajuda do continente.

"Temos três frentes de fogo, 108 operacionais no terreno, colocados nas zonas críticas, as que permitem a acessibilidade ou para impedir a progressão [do fogo] para zonas urbanas", começou por resumir Miguel Albuquerque, acrescentando que a evacuação de algumas localidade foi uma "medida de precaução".

A prioridade é salvaguardar vidas e bens, sendo que a maior preocupação, assumiu, está na forma como o vento vai evoluir.

"Se o vento continuar orientado para norte conseguimos ter uma noite mais calma em termos de eficácia do combate, se houver variação vamos ter de intervir, nada está solucionado neste momento, depende da evolução da condições meteorológicas", explicou Miguel Albuquerque.

"Nada está solucionado neste momento", pelo que a noite será de combate e vigilância.

Mas "estamos preparados", garantiu o líder do Governo Regional da Madeira, lembrando que "não é o nosso primeiro incêndio". "É recorrente esta situação do fogo posto não se consegue controlar", lamentou.

Questionado sobre as críticas de que foi alvo, tanto sobre a sua ausência e sobre a decisão, tardia para muitos, de aceitar a ajuda disponibilizada pelo governo nacional, Albuquerque fala em "política baixa", lembra que "há uma logística" necessária para esta força de intervenção estar pronta e reitera que "neste momento o que interessa é ter as pessoas a atuar".

Recorde-se que o Governo da República disponibilizou na sexta-feira à noite apoio para o combate ao incêndio, mas o executivo madeirense considerou não ser necessário, argumentando que lavrava sobretudo em zonas de difícil acesso.

Hoje, às 13h00, o secretário regional reiterava, em declarações aos jornalistas, que não era necessária a ajuda do continente, apontando que a região não tinha esgotado a sua capacidade.

No entanto, cerca de duas horas depois esta posição alterou-se e é aguardada esta madrugada a chegada de uma Força Operacional Conjunta, com 76 operacionais, para apoiar no combate às chamas.

Pedro Ramos, Secretário Regional da Saúde e Proteção Civil, justificou esta noite a decisão com a “evolução da situação”.

Neste momento, há três frentes ativas — na Encumeada, Jardim da Serra e Curral das Freiras —, e as previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) para as próximas 48 horas "não são as melhores", com vento e temperaturas altas, explicou.

Este incêndio tem-se mostrado muito desafiante por quatro razões: zonas inacessíveis, ventos muito fortes, temperaturas altas e humidades baixas, o que tem condicionado o funcionamento do meio aéreo e das equipas terrestres, acrescentou Pedro Ramos.

As chamas já obrigaram a retirar dezenas de famílias das suas casas.

O Serviço Regional de Saúde da Madeira (Sesaram) disponibilizou duas linhas de apoio a todos os utentes da região, uma assegurada pelo serviço de psicologia, com o número 969320140, e a linha de apoio SRS 24h, assegurada pelo gabinete de apoio à família, com o número 800242420.

Vento condiciona voos e portos

O vento que começou a condicionar o movimento de aterragens e descolagens no Aeroporto da Madeira – Cristiano Ronaldo ao final da tarde de hoje provocou o cancelamento de oito chegadas e o mesmo número de aeronaves divergiram para outros locais.

De acordo com a informação disponibilizada na página da ANA – Aeroportos de Portugal, pelas 23:20 tinham sido cancelados voos de diversas companhias aéreas oriundos de Lisboa, Porto, Poznan (Polónia), (Alemanha), Paris e Porto Santo.

A página indica também que divergiram para outros aeroportos voos provenientes de Bilbao (Espanha), Katowice (Polónia), Grã Canária (Espanha), Manchester (Reino Unido) e Toronto (Canadá).

Esta situação afeta igualmente as correspondentes partidas de aeronaves para os diferentes destinos e muitas centenas de passageiros.

O movimento no aeroporto da ilha da Madeira decorreu com normalidade até cerca das 18:30 e desde essa hora apenas um avião conseguir aterrar, um voo da Easyjet proveniente de Lyon (França).

A capitania do Porto do Funchal emitiu também um aviso de mau tempo para a Madeira depois de ter divulgado um outro de vento forte para a orla marítima do arquipélago.

Com base nas previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), este aviso está classificado como de “Sinal 6”, o que representa vento entre 51 e 62 quilómetros por hora de qualquer direção.

“Recomenda-se aos proprietários e armadores das embarcações que adotem as devidas precauções por forma a garantirem a segurança das mesmas”, lê-se na mesma informação.

A autoridade marítima regional já tinha difundido um aviso de vento forte para o arquipélago da Madeira que está em vigor até às 18:00 de domingo.

O IPMA apontou para vento de norte/nordeste “fresco a muito fresco, sendo forte nos extremos leste e oeste da ilha da Madeira”.

A visibilidade no mar deve ser “boa” e as ondas vão ser na ordem dos 2,5 metros na costa norte e de um metro na parte sul, refere a autoridade marítima regional.

Face a esta situação meteorológica, a capitania recomendou o reforço das amarrações e vigilância apertada das embarcações atracadas e fundeadas.

Também desaconselha passeios junto ao mar ou em zonas expostas à agitação marítima e a prática da atividade da pesca lúdica, em especial junto às falésias e zonas de arriba frequentemente atingidas pela rebentação das ondas.

As previsões do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) apontavam para “vento fraco a moderado de nor-nordeste, soprando forte até 45 quilómetros horários, em especial nas terras altas e nos extremos leste e oeste na ilha da Madeira”, situação meteorológica que se manterá nos próximos dias.

O IPMA também colocou todas as regiões da ilha da Madeira sob aviso laranja, sendo amarelo para o Porto Santo.

O aviso amarelo é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica, enquanto o aviso laranja é emitido sempre que existe situação meteorológica de risco moderado a elevado.