"Só não se revolve se o governo não quiser. O governo tem vários mecanismos para resolver esta situação (...) Porque o governo com muita facilidade é capaz de injetar umas centenas de milhões de euros num banco, mas com muita dificuldade é capaz estas questões de proximidade para as pessoas que é terem acesso às escolas e aos hospitais", considerou Miguel Guimarães.

Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães defendeu que "não chega dizer que vai haver mais 200 milhões de euros para o Serviço Nacional de Saúde ou 500 milhões para a Saúde", é necessário, de facto, "resolver as situações que estão mal" e no caso da pediatria do Hospital de São João, no Porto, assegura, "não é tão complexo assim, passar as crianças para dentro do hospital. Existe espaço".

O bastonário teme que, como até aqui, a situação se continue a arrastar no tempo e avisa que se assim for, a contestação pode subir de tom.

"Se o governo não tomar uma decisão, ou melhor, não resolver a situação rapidamente é bem possível que isto, a curto prazo, possa ser um foco de protesto muito forte do norte do país. O norte do país são três milhões e meio de habitantes, não são propriamente meia dúzia de pessoas", afirmou.

Miguel Guimarães considera mesmo que o primeiro-ministro devia falar aos portugueses e garantir que as promessas que têm sido feitas são cumpridas.

"Acho que o governo devia ter atenção a isto, devia cumprir aquilo que disse, porque isso é o que é importante neste momento, e acho que o primeiro-ministro devia falar com os portugueses. Como ele uma vez disse, ele não tem que falar com as ordens profissionais, mas tem que falar os portugueses e tem que ouvir aquilo que os portugueses têm para dizer", sustentou.

O bastonário da Ordem dos Médicos critica ainda a atuação dos deputados nesta matéria e diz que até que Marcelo Rebelo de Sousa devia intervir em matérias como esta.

"Vejo também os políticos todos muito parados. Os deputados da Assembleia da República é que aprovam o orçamento (...) portanto têm oportunidade, no seu conjunto, de obrigarem o governo a introduzirem algumas coisas no orçamento (...) Acho até que o próprio Presidente da República devia ter uma intervenção nestas matérias", considerou.

Para Miguel Guimarães o mais importante agora é resolver a situação, seja por ajuste direto ou não, deste que seja feito o mais rapidamente possível.

"Esta situação deve-se é resolver o mais rápido possível. Nós percebemos que é preciso algum tempo, têm que ser feitas obras. Agora se nós não iniciamos as obras não saímos do zero, continuamos na estaca zero. Se o tal concurso público internacional tem que ser novamente relançado, tem que partir tudo da estaca zero, nem daqui a um ano as obras começam", defendeu.

A 24 de outubro, o primeiro-ministro disse que o reforço do orçamento da Saúde permitirá "avançar com o lançamento" do concurso para a nova ala pediátrica do Hospital de S. João, ao passo que a nova ministra da tutela, Marta Temido, afirmou ainda não haver data para o procedimento.

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