Vários grupos de manifestantes, oriundos de diferentes partes da capital do Haiti, juntaram-se no Aeroporto Carrefour, local que nos últimos anos se tornou num dos principais centros de mobilizações antigovernamentais, avança a agência de notícias Efe.

No local, os manifestantes gritavam palavras de ordem contra Jovenel Moise, iniciando uma marcha entre pneus em chamas, enquanto a as autoridades policiais se organizavam em veículos blindados em vários pontos do percurso.

Os manifestantes tencionam deslocar-se aos escritórios das Nações Unidas na capital haitiana, onde pretendem entregar um documento para solicitar à comunidade internacional que retire o apoio a Moise.

A oposição considera que o mandato de Moise terminou no passado dia 07, mas o Presidente afirma que ainda falta um ano de mandato.

No dia 07 de fevereiro, Moise denunciou que a oposição estava a preparar um golpe e anunciou que as autoridades tinham detido 20 pessoas, incluindo um juiz do Tribunal de Cassação, o órgão judicial mais alto do país.

Na segunda-feira, dia 08, a oposição nomeou outro magistrado do Tribunal de Cassação, Joseph Mécène Jean Louis, como “presidente interino”, que aceitou a designação através de um vídeo gravado e que foi divulgado no mesmo dia.

As tensões entre o Governo e a oposição mergulharam o Haiti numa grave crise institucional entre o poder executivo e o poder judicial.

O Presidente do Haiti reformou três juízes acusados de participação no suposto golpe e nomeou três suplentes, uma decisão que aparentemente viola a Constituição e foi criticada pelos Estados Unidos da América (EUA) e pela Organização dos Estados Americanos (OEA).

Moises governa por decreto há um ano, pois em janeiro de 2020 considerou o Parlamento “dissolvido” por não se terem realizado as eleições legislativas no outono de 2019. As eleições foram adiadas devido aos constantes protestos antigovernamentais que paralisaram o país nessa altura.

Os opositores chamam Moise de “ditador”, mas o Presidente garante que no dia 07 de fevereiro de 2022 deixará o poder e o entregará ao vencedor das eleições convocadas para setembro próximo.

Desde o último domingo, tem havido protestos diários em Porto Príncipe, embora com um fluxo muito menor de manifestantes do que hoje.