De acordo com a agência Associated Press, dezenas de membros da polícia de choque foram destacados para Monróvia e, ao início da noite, dispararam gás pimenta em frente à sede da União da Imprensa da Libéria (PUL, na sigla inglesa), apesar de o Governo ter dado garantias de que as pessoas que participassem na manifestação estariam em segurança.

“Foi um ataque sem provocações”, afirmou o secretário-geral do Conselho de Patriotas do país, Mo Ali, o grupo que organizou os protestos, acrescentando que pelo menos uma pessoa ficou ferida.

De acordo com o presidente do Conselho dos Patriotas, Henry Costa, os manifestantes exigem que o chefe de Estado da Libéria despeça todos os elementos da equipa de gestão económica.

“Esta equipa [de gestão económica] teve um desempenho sombrio e piorou a situação económica em que estamos”, explicou o dirigente da organização.

A economia da Libéria declinou durante os dois anos de mandato de George Weah, levando a atrasos no pagamento de salários, à hiperinflação no preço de bens de primeira necessidade e à impossibilidade dos bancos em disponibilizar dinheiro.

A manifestação que decorreu hoje foi a segunda maior demonstração popular em menos de um ano contra a forma como o Presidente da Libéria lidou com os problemas económicos do país.

Os manifestantes pedem a Weah explicações sobre 25 milhões de dólares (cerca de 22 milhões de euros) que o seu executivo retirou da reserva federal do país.

George Weah, antigo jogador de futebol, foi eleito em 2017 e tem sido criticado por construir propriedades privadas, nos quais se englobam cerca de 50 condomínios, logo após ter tomado posse.

As viagens com comitivas extensas também é outra das críticas apontadas ao chefe de Estado liberiano, apesar dos apoiantes do Presidente afirmarem que as construções foram feitas com o dinheiro pessoal de Weah.

O Presidente da Libéria, nascido em Monróvia, em 1966, foi o primeiro africano negro condecorado como melhor jogador de futebol do mundo pela FIFA, em 1995, tendo jogado em clubes como o Chelsea, AC Milan, Paris Saint-Germain e Manchester City antes de regressar, em 2003, ao país natal para se envolver na política.

O movimento de contestação queria inicialmente a demissão do Presidente, mas a população considerou que a atitude era antidemocrática e pede, por isso, que o chefe de Estado apenas se responsabilize pela economia débil do país.