Caso Carrie Lam não responda à missiva, datada de sábado e subscrita por mais de 4.500 cidadãos em apenas cinco dias, os autores da carta ameaçam recorrer ao Comité dos Direitos da Crianças da ONU, pode ler-se no documento ao qual a Lusa teve hoje acesso.
“Expressamos uma profunda preocupação com a violação flagrante dos direitos humanos fundamentais das crianças em Hong Kong pelo recente abuso de poder da força policial desde o início de junho”, sublinha-se na mesma nota.
Os promotores da iniciativa, que deram hoje uma conferência de imprensa na qual documentaram vários casos de alegados abusos, defendem que “a violação policial inclui prisões arbitrárias e detenção de crianças sem acompanhamento de adultos”.
“Condenamos veementemente o abuso de poder por parte do governo e da polícia. Estamos profundamente preocupados com a situação e a segurança das crianças detidas”, acrescentaram.
Dos quase 1.800 detidos desde junho, mais de meio milhar são estudantes, precisaram, lembrando que a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança define a criança como qualquer ser humano com menos de 18 anos.
Os promotores da iniciativa esperam que a chefe do Governo “dê uma resposta concreta dentro de duas semanas” e que “as futuras gerações de Hong Kong possam ser protegidas de quaisquer maus-tratos, crescer e desenvolver-se numa sociedade livre, justa e democrática”.
Meio milhar de estudantes manifestou-se na quarta-feira para condenar a violência da polícia e o uso de munição real contra os manifestantes.
Desde o fim de semana até terça-feira, dia em que se assinalaram os 70 anos da fundação da República Popular da China, Hong Kong foi palco de uma tarde de caos e violência, que culminou na detenção de 269 pessoas.
Na origem da contestação, que se vive no território desde o início de junho, está uma polémica proposta de emendas à lei da extradição, já retirada formalmente pelo Governo de Hong Kong.
Contudo, os manifestantes continuam a exigir que o Governo responda a quatro outras reivindicações: a libertação dos manifestantes detidos, que as ações dos protestos não sejam identificadas como motins, um inquérito independente à violência policial e, finalmente, a demissão da chefe de Governo e consequente eleição por sufrágio universal para este cargo e para o Conselho Legislativo, o parlamento de Hong Kong.
A transferência da soberania da antiga colónia do Reino Unido para a China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas".
Tal como acontece com Macau, para Hong Kong foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judicial, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.
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