Na sua primeira aparição pública desde o golpe militar, quando foi submetido a prisão domiciliária, Hamdok fez um breve discurso ao lado do general Al-Burhan, chefe do exército e autor do golpe.
Os dois homens disseram estar empenhados em retomar a transição para a democracia durante a cerimónia de assinatura do acordo, no palácio presidencial, diante do qual milhares de manifestantes contra o golpe estavam reunidos a protestar.
"Foi alcançado um acordo político entre o general Al-Burhan, Abdullah Hamdok, forças políticas e organizações da sociedade civil para o regresso de Hamdok ao cargo e a libertação dos presos políticos", disse um responsável do partido Umma Fadlallah Burma, à AFP.
"O acordo será formalmente anunciado ainda hoje, após a assinatura dos seus termos e da declaração política que o acompanha", acrescentou.
Este acordo - que aproxima o Sudão de um retorno às autoridades de transição civil-militares de acordo com a divisão do poder decidida em 2019, após a queda do ditador Omar al-Bashir - não alterou, no entanto, a mobilização nas ruas.
Por outro lado, a polícia disparou hoje bombas de gás lacrimogéneo contra milhares de manifestantes que estavam nos portões do palácio presidencial.
Enquanto Hamdok recuperava a sua liberdade de movimento após cerca de um mês de prisão domiciliária e reassumia o poder, os manifestantes estavam a gritar “Não ao poder militar” e “Não ao general Abdel Fattah al-Burhan”.
Centenas de manifestantes marcharam em várias cidades do Sudão, mantendo a pressão sobre o exército, que se preparava para repor o primeiro-ministro Hamdok no cargo.
Desde o golpe de Estado, embaixadores ocidentais, negociadores das Nações Unidas ou africanos e figuras da sociedade civil sudanesa aumentaram os seus encontros com civis e militares em Cartum para relançar uma transição que supostamente conduziria o país a eleições livres em 2023, após 30 anos de ditadura de Al-Bashir, afastado pelo exército sob a pressão das ruas.
A 25 de outubro, o general Al-Burhan mandou prender quase todos os civis no poder, pôs fim à união formada por civis e militares e declarou o estado de emergência. Hamdok, que liderava o governo de transição, foi colocado sob prisão domiciliária.
[Notícia atualizada às 15h21]
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