A investigação havia sido aberta com base na delação premiada (colaboração com a Justiça em troca de redução da pena) do ex-senador Delcídio do Amaral.

O ex-senador disse em depoimento aos investigadores da Lava Jato que Lula da Silva tentou persuadir os senadores Edson Lobão e Renan Calheiros a criar um gabinete de crise para conter os avanços da operação, que investiga os crimes cometidos na petrolífera estatal Petrobras e noutras instituições públicas do Brasil.

No parecer pelo arquivamento da investigação, o procurador Ivan Marx diz não haver provas da "existência de real tentativa de embaraço às investigações" da Lava Jato.

"Não havendo nenhuma corroboração para a versão apresentada pelo delator, e nem mesmo a possibilidade de buscá-la por outros meios, o arquivamento dos autos é medida que se impõe. No caso, não há que se falar na prática de crime ou de ato de improbidade", lê-se no pedido do procurador.

Ivan Marx afirmou ainda que "não se pode olvidar o interesse do delator em encontrar fatos que o permitissem encontrar fatos para terceiros, e dentre estes especialmente o ex-Presidente Lula [da Silva] como forma de aumentar seu poder de barganha ante a Procuradoria-geral da República no seu acordo de delação".

Este não é o único processo que envolve o ex-Presidente Lula da Silva e o ex-senador Delcídio na Justiça brasileira.

Os dois são mencionados noutra investigação sobre a suspeita de ambos terem tentado prejudicar as investigações da Lava Jato, comprando o silêncio do ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró.

Lula da Silva é ainda réu noutras ações envolvendo a operação Lava Jato.

Num destes processos, o ex-Presidente é acusado de ter supostamente recebido vantagens indevidas da construtora OAS por através da compra de um apartamento de luxo na cidade de Guarujá, no litoral.

O caso, analisado pelo juiz Sérgio Moro, já está em sua fase final.

Lula da Silva também é acusado de receber um terreno da construtora Odebrecht como forma de suborno para, em troca, favorecer os interesses da empresa perante o Governo brasileiro.

O ex-Presidente sempre negou todas as acusações contra si e declarou, em diversas oportunidades, que é vítima de perseguição de membros da operação Lava Jato e do aparelho judicial brasileiro.