"Nunca escondi que a resposta que damos às nossas grávidas e crianças não tem sido a melhor. Queremos evitar o encerramento de serviços ou a sua rotatividade, que tanta ansiedade trazem às nossas utentes e aos pais das crianças" - afirmou a governante.
O plano vai avançar como "Projeto Piloto na região de Lisboa e Vale do Tejo, Oeste e Península de Setúbal", onde se registam as maiores dificuldades. "Será depois trabalhado, avaliado e alargado ao resto do país."
Ana Paula Martins considera que se trata de um "grande avanço neste domínio que já tardava" e que é necessário "concretizar a bem da saúde das grávidas, das crianças e dos adolescentes."
Sobre o trabalho realizado pela Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente, presidida por Alberto Caldas Afonso, a governante disse que é um trabalho exclusivamente técnico realizado por peritos nestas áreas a que “o Governo dá a maior importância”.
O Plano de Reorganização para as Urgências de Obstetrícia e Ginecologia e de Pediatria está a ser apresentado por Caldas Afonso, cerca de três meses depois da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente ter sido criado por despacho da ministra da Saúde.
As urgências de obstetrícia/ginecologia e de pediatria voltaram, durante este verão, a registar dificuldades de funcionamento, devido à falta de especialistas para preencher as escalas, o que levou ao encerramento parcial ou a constrangimentos desses serviços.
Linha SNS Criança
O Governo vai criar uma Linha SNS Criança para desviar das urgências pediátricas os casos não urgentes, enviando-os para consultas agendadas nos centros de saúde.
Segundo anunciou o coordenador do grupo de trabalho que traçou o novo plano para as urgências de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, Alberto Caldas Afonso, no caso das pulseiras azuis (não urgentes), serão marcadas consultas nos cuidados de saúde primários em 48 horas.
Os casos das pulseiras verdes (pouco urgentes) serão logo encaminhados para a chamada 'consulta aberta' nos centros de saúde, para que a criança possa ser vista em 24 horas.
Nas urgências devem ser apenas vistos os casos encaminhados por outras unidades hospitalares, pelos assistentes ou pelo INEM.
O plano vai arrancar inicialmente em Lisboa e Vale do Tejo, região Oeste e Península de Setúbal, sendo depois alargado a todo o país.
Caldas Afonso lembrou que a intenção é deixar de ter urgências rotativas, sublinhando: "as pessoas têm direito a estar informadas e o que está aberto no dia 01 de janeiro deve estar sempre aberto".
O responsável falou numa "mudança de paradigma" nas urgências de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia, lembrando que é preciso aumentar a literacia e transmitir a informação correta aos portugueses, que "têm de saber dirigir-se ao local apropriado para a necessidade assistencial que tem naquele momento".
"Esta noção ainda não existe", afirmou.
O presidente da Comissão Nacional da Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente disse ainda que este grupo de trabalho teve o cuidado de "partilhar as propostas com todos os Conselhos de Administração das Unidades Locais de Saúde", envolvendo diretores dos serviços de Pediatria e Ginecologia e Obstetrícia e dando-lhes tempo para receber as suas sugestões e comentários para melhorar a proposta.
"A maioria [das sugestões] fazia sentido, o que mostra que as pessoas estão motivadas, e estão refletidas no documento", afirmou.
*Com Lusa.
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