“Sobretudo nunca fazer um teste sorológico num aeroporto. Acho que não é aí a melhor aplicação que podemos ter para esta metodologia de testes”, disse Marta Temido na Comissão Parlamentar da Saúde em resposta a uma questão levantada pela deputada social-democrata Sara Madruga da Costa, eleita pela Madeira.
A ministra sublinhou que é preciso ter “a perceção muito clara” de que “um teste é uma fotografia” e como tal “retrata uma situação num momento que pode nem sequer espelhar exatamente uma infeção que tenha sido contraída há muito pouco tempo, designadamente se a fiabilidade do teste for baixa como acontece com alguns testes que por aí estão a ser muito propalados”.
No seu entender, é preciso ter “muito cuidado com aspetos como atestados imunitários e outros produtos que às vezes são propagados e publicitados como formas de atribuir confiança às pessoas”.
Provavelmente, defendeu, essa não é a melhor forma de atribuir confiança às pessoas, mas sim dizer-lhes que “o teste tem uma validade específica e deve ser realizado num contexto específico”.
Na terça-feira, o Governo Regional da Madeira anunciou que a quarentena obrigatória para os passageiros desembarcados na região será eliminada a partir de 01 de julho, passando a vigorar a obrigatoriedade de apresentação ou realização de um teste à covid-19 à chegada ao aeroporto.
Marta Temido lembrou que a realização de testes à covid-19 tem uma indicação específica da parte da Direção-Geral da Saúde que não se confunde com outras aplicações designadamente em programas de rastreio.
Quando as várias áreas governamentais optaram por fazer os seus rastreios em determinados locais isso foi feito em função de uma estratificação de risco, nomeadamente os lares devido à “situação da alta letalidade” dos idosos devido à sua “fragilidade especial” à covid-19 por terem comorbidades associadas.
“Tendo percebido logo cedo que um dos focos de infeção para estas pessoas eram os profissionais que trabalhavam nos lares (…) isso levou-nos a rastrear os profissionais”, explicou.
Foi adotada a mesma metodologia para os profissionais que trabalham nas creches e para os estabelecimentos prisionais.
Segundo a ministra, dos cerca de 3.000 profissionais que trabalham em estabelecimentos prisionais, já foram testados mais de 1.000, e os das creches que já iniciaram a sua atividade foram maioritariamente testados.
“Relativamente aos lares, quem ainda não terminou de ser testado será no próximo dia 22”, salientou.
Questionada na audição pelo deputado do PSD Cristóvão Norte, sobre se ia haver reforço de profissionais de saúde no verão no Algarve, respondeu afirmativamente.
“Claro que este ano, como não podia deixar de ser, vamos continuar a dar a resposta necessária ao Verão algarvio e temos uma particular atenção àquilo que vai ser o afluxo de, pelo menos turismo interno, a essa região designadamente com aquilo que são as respostas de profissionais de saúde”, salientou.
Segundo a ministra, haverá novamente um despacho a prever essa situação: “provavelmente não só para médicos, é uma matéria que está a ser tratada”.
“É muito importante que nesta fase consigamos garantir que os passos que damos são dados com prudência, mas também com confiança na medida em que tudo aquilo que afeta a saúde é também fruto daquilo que vai acontecendo na economia e é certo que estamos absolutamente empenhados em recuperar a atividade assistencial que foi suspensa ao longo deste período”, salientou.
Mas - frisou - “também não subestimamos o efeito daquilo que tenha sido a fragilidade económica e social criada neste período sobre aquilo que venha a ser futuramente a saúde dos portugueses”.
Portugal contabiliza 1.263 mortos associados à covid-19 em 29.660 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, que indica que há 6.452 pessoas recuperadas.
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