São esperadas esta semana mais 100 mil doses da vacina Pfizer e da BioNTech contra a covid-19, anunciou a ministra da Saúde em conferência de imprensa.

O país já recebeu, ao todo, cerca de 411.600 doses de vacina, doses essas distribuídas entre o continente, Açores e Madeira.

Numa conferência de imprensa realizada no Ministério da Saúde, em Lisboa, após uma reunião com a ‘taskforce’ do plano de vacinação, a governante esclareceu também que até às 19:00 deste domingo já tinham sido efetuadas 255.700 inoculações, nomeadamente a profissionais de saúde e utentes e funcionários de lares. Ademais, vincou a expectativa de atingir os 100 mil vacinados no setor da saúde até final desta semana.

“Estimamos que até ao final deste mês estejam vacinados 100 mil profissionais de saúde do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Instituto de Saúde Ricardo Jorge (INSA), Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPTP), das forças armadas, dos estabelecimentos prisionais e dos setores privado e social de estruturas que estão a receber doentes covid”, afirmou.

Marta Temido indicou que já foram administradas doses de vacina a mais de 162 mil utentes e funcionários de estabelecimentos residenciais para idosos (ERPI) e da rede nacional de cuidados continuados integrados (RNCCI), sublinhando que “é possível” concluir brevemente este processo, uma vez que “faltam poucos profissionais e residentes” para vacinar. Porém, lembrou que os lares onde existem surtos de covid-19 permanecem como exceção.

A alteração do prazo de 21 dias entre as duas tomas da vacina da Pfizer/BioNTech que tem sido feita em alguns países mereceu também um comentário da titular da pasta da saúde no Governo, para assumir que o Ministério já pediu um esclarecimento a nível europeu.

“Portugal continua a fazer os 21 dias de intervalo entre as duas tomas da vacina. Fizemos, conjuntamente com outros países, um pedido de apreciação à Agência Europeia do Medicamento (EMA) sobre este tema. Ainda não temos uma recomendação e, por isso, mantemos os 21 dias”, frisou

A primeira fase vacinação nos lares deverá estar completa esta semana e os titulares de órgãos de soberania, bombeiros e forças de segurança começam a ser vacinados na próxima.

Questionada pelos jornalistas sobre uma eventual ação em relação a membros de direção de alguns lares que receberam doses de vacina sem alegadamente estar em contacto direto com os utentes das instituições, Marta Temido revelou que desta reunião com a ‘taskforce’ serão definidos “mecanismos” de controlo destas situações. Sem falar em eventuais sanções, a ministra preferiu apontar à “censura social” destes casos.

“Foram discutidos mecanismos que irão ser estabelecidos para a avaliação de situações de desvio àquilo que são as regras de vacinação de acordo com os grupos prioritários. Esses mecanismos serão aqueles que nos permitirão garantir que estas situações são evitadas e, acontecendo, são objeto da necessária censura, caso se constate que correspondem a situações de vacinação indevida face à ordenação dos grupos prioritários”, notou.

Em causa está o episódio da última semana da vacinação do presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz, José Calixto, que é igualmente presidente da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), responsável pelo lar de idosos onde se registou um surto no verão e que provocou a morte de 18 pessoas, tendo sido por via dessa função que viu o seu nome ser incluído na lista de pessoas a vacinar pela instituição.

Contudo, os autarcas vão também estar envolvidos no lote de titulares de órgãos de soberania a vacinar já na próxima semana, não se restringindo aos cargos mais altos do país, como o Presidente da República, o presidente da Assembleia da República ou o primeiro-ministro.

“Os presidentes das câmaras municipais são também as autoridades municipais de proteção civil. Isso confere-lhes uma circunstância de essencialidade para a resposta à covid-19 e, naturalmente, isso será tido em consideração. Estão a ser agora feitos os contactos no sentido da identificação exata dos indivíduos para que possam começar a ser identificados esta semana e vacinados no início da semana que vem”, acrescentou.

Segundo a ministra da Saúde, a primeira semana de fevereiro vai marcar também o arranque da vacinação das pessoas com mais de 50 anos e pelo menos uma das quatro comorbilidades identificadas – doença coronária, insuficiência cardíaca, insuficiência renal e doença pulmonar obstrutiva crónica – como sendo de risco para o internamento em covid-19.

“Este grupo tem um universo de cerca de meio milhão de pessoas, um pouco menos. A sua identificação através dos registos dos centros de saúde, o processo de realização de contacto com as pessoas e da identificação das mesmas através dos serviços privados está preparado para ser iniciado na semana que vem”, sentenciou.

[Notícia atualizada às 14h33. Corrige no título de 255 para 160 mil pessoas vacinadas]