Ana Paula Martins respondia aos jornalistas à margem de um encontro que está a ter com associações de doentes da área de oncologia, em Lisboa, sobre os tempos de espera em alguns serviços de urgência do país.

“Não posso reconhecer de maneira nenhuma que o plano de inverno esteja a falhar. Desde logo porque o plano de inverno, que foi feito por todas as nossas unidades de saúde familiar, apresenta níveis de contingência muito claros e eles têm sido respeitados”, salientou.

Referiu ainda que o Ministério da Saúde emitiu algumas normas em portaria e em despacho que, maioritariamente, estão a ser seguidas. Também considera que as coberturas de vacinação contra a gripe e a covid-19 foram “muito positivas este ano”.

A ministra destacou ainda a importância da prescrição de análises e exames a partir dos lares, o que “nunca tinha acontecido” e retira os idosos das “portas do centro de saúde” ou das “portas dos hospitais”, onde iam muitas vezes para poderem fazer exames.

A par destas medidas, a governante apontou “a procura incessante” de camas na Rede Nacional de Cuidados Continuados e nos lares, com novos acordos, para retirar os casos sociais dos hospitais, mas reconheceu que não se consegue resolver o problema de “um dia para o outro, nem de um ano para o outro”.

“Uma parte da pressão que acontece nos hospitais nesta altura também tem a ver com o facto de termos (…) mais de um milhar [de doentes] nos hospitais e que não deviam lá estar”, recordou.

A ministra acredita que se consiga melhorar esta situação ainda este inverno, graças os esforços que têm sido feitos com os ministérios do Trabalho e da Segurança Social e das Finanças, bem como às verbas do Plano de Recuperação e Resiliência e aos novos acordos que estão a ser celebrados.

A pressão que alguns hospitais estão a sofrer também preocupa a ministra, que assegurou que, diariamente, o seu ministério tem informação e propostas de solução por parte da Direção Executiva e das administrações destes hospitais, que “são cerca de três, quatro em todo o país”, sobretudo, em Lisboa e Vale do Tejo.

“Temos uma preocupação evidente com algumas unidades de saúde que, pela pressão que estão a sofrer, apresentam tempos de espera muito acima daquilo que não só é recomendado sob o ponto de vista clínico, mas eu até sob o ponto de vista humano”, comentou.

Apesar de o problema não ser novo, a ministra defendeu que é preciso soluções para o resolver.

“Sabemos que todos os invernos, apesar de nos prepararmos muitíssimo, este é sempre um teste enorme de resistência, de resiliência ao Serviço Nacional de Saúde. É aqui, em Inglaterra, em Espanha, em França. Mas a verdade é que os nossos cidadãos precisam de respostas e nós (…) procuramos dia a dia" encontrá-las.

Entre essas respostas, Ana Paula Martins apontou a libertação de mais camas de internamento para doentes respiratórios.

Questionada sobre o balanço do novo modelo de urgências, com o alargamento do projeto de pré-triagem “Ligue antes, Salve Vidas”, reiterou que só pode ser feito dentro de “umas semanas”.

A ministra vincou que “uma parte importante da resposta está na proximidade, nos cuidados de saúde primários”, enfatizando que existem mais de 160 serviços de atendimento complementar e centros de atendimento clínico por todo o país.

Ainda questionada sobre se a resposta que está a ser dada nas urgências é eficaz com equipas constituídas também por internos com pouca experiência, a ministra escusou-se a responder, porque a organização destes serviços “depende, e bem, dos diretores dos serviços de urgência e dos diretores clínicos das instituições”, sendo muito variável no país.

“É uma matéria de auditoria clínica e que compete aos clínicos e, neste caso, à Direção Executiva, juntamente com os diretores clínicos de hospitais rever se eventualmente funcionou pior ou melhor num sítio ou noutro”, concluiu.