Numa intervenção no parlamento, Braverman disse que, desde 06 de setembro, 9.000 migrantes deixaram o centro de acolhimento de Manston, no sudeste de Inglaterra, a maioria para alojamento hoteleiro.
“Em nenhuma ocasião bloqueei [o envio para] hotéis”, afirmou hoje aos deputados, alegando que foram alojados migrantes em 30 novos hotéis desde setembro e em 13 novos hotéis desde o início de outubro.
A ministra respondia a uma questão do Partido Trabalhista, que alegou que o centro de Manston, concebido para acolher 1.600 migrantes durante um máximo de 24 horas, está atualmente sobrelotado, com cerca de 4,000, alguns há várias semanas.
Segundo a deputada Trabalhista Yvette Cooper, existem relatos de violência e surtos de doenças, como difteria, raiva e MRSA e que as condições são “inumanas”.
Acusando o Governo de ter gasto mais de 140 milhões de libras (162 milhões de euros no câmbio atual) no plano para enviar requerentes de asilo para o Ruanda ainda antes de estar a funcionar, Cooper defendeu que “está na altura de abandonar um programa pouco ético e impraticável e, em vez disso, investir dinheiro no combate aos atrasos [de processamento] e na luta contra os bandos criminosos”.
Mas a ministra replicou que se deve “parar de fingir que todos eles são refugiados em perigo” e que “o país inteiro sabe que isso não é verdade”.
“Sejamos claros sobre o que realmente se passa aqui – o povo britânico merece saber que partido leva a sério a questão de impedir a invasão da nossa costa sul e qual não leva”, disse Braverman num ataque ao maior partido da oposição.
A situação no centro de acolhimento de Manston agravou-se no fim de semana depois de 700 migrantes terem sido transferidos para aquela antiga base aérea no sudeste de Inglaterra de um outro centro em Dover, que foi atacado no fim de semana.
Um homem lançou no domingo três bombas incendiárias e suicidou-se de seguida, estando o caso a ser investigado. Dover é o ponto de chegada de muitos migrantes que atravessam o Canal da Mancha vindos da França em pequenas embarcações como barcos insufláveis.
O inspector-chefe de Fronteiras, David Neal, que visitou recentemente as instalações, disse na semana passada que as condições em Manston eram “miseráveis”, alertando para “uma situação realmente perigosa”.
Em declarações hoje à BBC, o deputado Roger Gale, eleito pela circunscrição local de North Thanet, disse desconfiar que o Ministério do Interior terá permitido que o centro ficasse superlotado “deliberadamente”, mas que não tinha certeza se a decisão foi tomada por Suella Braveman ou pela antecessora, Priti Patel.
Dados divulgados pelo Ministério da Defesa indicam que entre as 00:00 de sexta-feira e sábado, 990 pessoas foram detetadas a tentar atravessar o Canal da Mancha da França para o Reino Unido em 24 pequenas embarcações.
O número de pessoas que arriscam a perigosa viagem através de uma das rotas de navegação mais movimentadas do mundo aumentou acentuadamente nos últimos anos.
Só este ano chegaram ao Reino Unido 40.000 pessoas, contra 28.000 em todo o ano de 2021 e 8.500 em 2020. Dezenas de pessoas morreram a tentar, incluindo 27 em novembro de 2021, quando um barco em que viajavam virou.
Ainda assim, o Reino Unido recebe menos requerentes de asilo do que outros países europeus, incluindo França e Alemanha.
Reino Unido e França têm discutido sobre como deter os grupos organizados de tráfico de pessoas e reforçaram os meios de controlo, mas não estão de acordo sobre como fazê-lo.
O governo Conservador britânico anunciou um plano controverso para enviar pessoas que chegam em pequenos barcos para o Ruanda, onde os pedidos de asilo seriam processados.
Os críticos dizem que o plano é imoral e impraticável, estando atualmente suspenso enquanto é contestado nos tribunais.
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