A secretária de Estado da Economia e das Associações Francesas, Marlène Schiappa apareceu na capa da revista Playboy, usando um vestido branco, para acompanhar uma entrevista de 12 páginas sobre os direitos das mulheres e LGBT.

No governo desde 2017, Marlène Schiappa é a primeira governanta a ser nomeada para a igualdade do género no país. Tem sido defensora de longa data dos direitos das mulheres.

Neste papel, Schiappa liderou com sucesso uma nova lei de assédio sexual que permite multas imediatas a serem emitidas para homens que chamam, assediam ou seguem mulheres na rua.

A entrevista na Playboy foi mal recebida pelos seus colegas de partido, incluindo a primeira-ministra francesa. Elisabeth Borne afirmou que "não era apropriado, especialmente durante este período", refere a CNN, citando o canal de televisão parisiense BFMTV.

A França está atualmente no auge de uma crise política e social desencadeada pela medida do presidente francês, Emmanuel Macron, de avançar com a antecipação da idade da reforma dos franceses.

"Estamos em plena crise social, há a questão do policiamento, há pessoas entre a vida e a morte, e tenho a impressão de estar atrás de uma cortina de fumo", disse Sandrine Rousseau, membro do Partido Verde e ativista dos direitos das mulheres, à BFMTV, na sexta-feira.

O político da oposição francesa, Jean Luc Mélenchon, que ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2022, criticou não só a aparição de Schiappa na Playboy, mas também a entrevista do presidente a uma revista infantil chamada Pif Gadget.

"Num país onde o presidente se expressa ‘em Pif’ ( “falar ao calhas”, na sua tradução livre) e a sua ministra aparece na Playboy, o problema seria a oposição. A França está a descarrilar", tuitou Mélenchon no sábado.

Schiappa respondeu às críticas, também no Twitter, ao afirmar que "defende o direito das mulheres de terem o controlo dos seus corpos, em qualquer lugar, a todo o momento. Na França, as mulheres são livres. Com todo o respeito aos detratores e hipócritas", disse.

(notícia corrigida às 14h23)