“Ainda temos um recurso superior ao que desejaríamos”, admitiu Marta Temido, que disse que o recurso a médicos tarefeiros é algo que o Governo tenta contrariar com a abertura de concursos para especialistas.
A ministra falava na Comissão Parlamentar de Saúde, onde hoje está a ser ouvida sobre política de saúde geral naquela que será a sua última audição regimental nesta legislatura.
Segundo divulgou hoje a Rádio Renascença, o recurso a médicos tarefeiros continua a aumentar, apesar dos apelos do governo para a redução da contratação temporária, e, em 2018, “o Estado gastou 104,5 milhões de euros nestas prestações - o valor mais alto de que há registo”.
"Temos muitos profissionais que, por motivos pessoais, ainda escolhem esta forma de trabalho, que tendemos a contrariar com a abertura de concurso de especialistas" e com a atribuição de postos de trabalho com compensação financeira, disse a ministra, acrescentando que o esforço do Governo tem sido no sentido de conferir uma maior estabilidade ao emprego.
Marta Temido foi também questionada pelos deputados sobre os concursos para especialistas, tendo afirmado que até final do mês será aberto concurso para consultor e para assistente graduado, lembrando que “o acesso à especialidade é importante, mas uma força de trabalho em saúde tem de ser diversificada”.
"A força de trabalho faz-se com especialistas, mas também com médicos com um perfil mais genérico de competências, sem prejuízo que existem áreas que de facto nós precisamos de reforço de especialistas e procuraremos que uma melhoria da identificação das capacidades formativas permita um maior acesso à formação especializada", afirmou.
Já sobre a falta de recursos humanos na área da saúde, reconheceu sobretudo uma falha no Baixo Alentejo, que levou a “encerramentos e necessidade de encaminhar doentes para outros serviços”, sobretudo na área da ginecologia e obstetrícia.
A governante disse ainda que Évora tem 148 médicos especialistas, um número que era de 175 em 2015.
Também presente na Comissão Parlamentar de Saúde, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde falou da autonomia dos hospitais para explicar que “é um processo complexo” em que o Governo tem vindo a trabalhar “de uma forma mais lenta” do que aquilo que gostaria.
“Não faz nenhum sentido que continuemos a ter uma rede de hospitais públicos que não tenham autonomia de gestão”, afirmou.
Francisco Ramos disse ainda que, na próxima semana, o Governo conta aprovar “um projeto experimental para dois agrupamentos de centros de saúde com autonomia de gestão”, considerando que esta opção “é o normal e consequência natural do processo de gestão em saúde”.
Durante a audição na comissão parlamentar, que se prolongou por quase cinco horas, a ministra afirmou ainda que a paz social no setor da saúde é um objetivo e que o Ministério da Saúde tem sempre “disponibilidade para interagir com todos os atores”.
“Mas não podemos fazer com que essa paz social seja conseguida a troco daquilo que são as nossas obrigações e as nossas responsabilidades de tutela sobre um conjunto de diversas entidades, de garantia do dinheiro dos contribuintes e de equilíbrio das contas públicas”, afirmou.
(Artigo atualizado às 15:06)
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