Em entrevista à agência Lusa, Adalberto Campos Fernandes afirma que é prematuro, em junho, estar a fazer previsões públicas sobre o orçamento do seu Ministério para 2018, mas acredita que haverá mais dinheiro para a saúde.
“A minha expetativa é a de que em 2018 possamos ter mais dinheiro para a saúde, dentro do que é a capacidade que o país tem de distribuir pelas diferentes áreas os recursos, que infelizmente ainda não são os que gostaríamos todos”, declarou.
Sobre a relação entre Ministério da Saúde e das Finanças, que recentemente tem sido questionada nomeadamente pela oposição, Campos Fernandes refere que tem um “alinhamento perfeito” com Mário Centeno.
“Trabalhamos regularmente e estamos fixados no mesmo objetivo de devolver ao país a soberania económica, o respeito internacional, autonomia nos mercados financeiros, fazer com que Portugal, tão cedo quanto seja possível, veja o ‘ranking’ melhorado, que a economia cresça acima dos 3% e continuemos a fazer o trabalho que temos feito: criar emprego como nunca se tinha sido criado nos últimos anos e dar consistência à esperança”, afirmou.
Assumindo que não tem medidas bloqueadas pelo Ministério das Finanças, Adalberto Campos Fernandes recusa entrar na dicotomia de “polícia bom e polícia mau”.
“Seria para mim muito fácil e simpático e far-me-ia popular se eu quisesse fazer o papel de polícia bom e o meu colega das Finanças de polícia mau, mas isso é absurdo, porque eu tenho o orçamento que negociei no final do ano passado, com a consciência de que é um orçamento limitado, como foi limitado para outras áreas”, referiu.
O ministro recordou que em 2016 e 2017 a área da Saúde teve mais recursos financeiros, lembrando também que hoje há mais quatro mil profissionais do que no início da legislatura.
Numa apreciação ao trabalho dos hospitais portugueses, o governante lembrou que “muitos dos administradores gerem os hospitais em cima do fio da navalha”.
“Imagine o que é gerir um hospital como o Médio Tejo ou Santarém, onde a falta de um anestesista significa que o bloco não trabalha e, no entanto, existem cirurgiões. Mais de que uma cultura de perseguição, dizendo que os administradores são maus ou bons, o importante é dar-lhes os meios, a autonomia e a responsabilização individual”.
Campos Fernandes aproveitou para sublinhar que há uma diferença entre as dificuldades decorrentes de um orçamento apertado e comportamentos ilícitos ou ilegais.
Na área da fraude, lembrou que os problemas identificados pela justiça têm sido a outros níveis que não o dos administradores hospitalares.
Para o combate à fraude tem contribuído a prescrição de medicamentos eletrónica e sem papel, que já está instalada em 96% do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
A este nível, o setor privado tem números mais modestos, mas o Governo está neste momento a tentar que os convencionados com a ADSE avancem todos para as receitas sem papel.
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