“É conhecido que, recentemente, o Estado estava em negociações para ficar com a quase totalidade do capital da agência Lusa e essas negociações não foram possíveis, não foram concluídas por motivos políticos, tem a ver com o contexto político que vivemos”, disse Pedro Adão e Silva à entrada para o Conselho de Ministros que, hoje, se realiza na Câmara Municipal do Porto.
Depois de ter recebido um manifesto dos jornalistas do Jornal de Notícias (JN), diário que enfrenta um eventual despedimento coletivo, o governante explicou que a intenção do atual Governo era aumentar a indemnização compensatória da agência Lusa já em 2024 e, dessa forma, tornar o seu serviço gratuito para toda a comunicação social.
E acrescentou: “A agência Lusa pode ser um instrumento muito interessante e muito relevante para apoiar o jornalismo e a comunicação social”.
A capitalização da agência Lusa seria uma forma “mais eficaz e eficiente” de apoiar a comunicação social porque apoia todos, considerou Pedro Adão e Silva.
O que estava a ser preparado pelo Governo iria ter um grande impacto na comunicação social, nomeadamente na imprensa regional e local, sublinhou.
“Aquilo que estava a pensar já para o início de janeiro não foi possível, como sabem vivemos um contexto político bastante atípico, e, por isso, há aqui um compasso de espera. O que eu espero é que o próximo Governo retome esta ideia da gratuitidade da agência Lusa”, frisou.
Na passada quinta-feira, o Governo anunciou que o processo de compra, pelo Estado, de 45,7% da agência Lusa, pertencentes à Global Media e à Páginas Civilizadas, falhou por “falta de um consenso político alargado”.
“No momento atual, não existindo um consenso político alargado, a operação revelou-se inviável”, adiantou o Ministério da Cultura num comunicado intitulado “Estado não adquire participações sociais na Lusa”.
Em quase quatro páginas, o Ministério da Cultura explicou todo o processo, desde agosto, com a “manifestação de interesse dos acionistas” da Global Notícias Media Group da Páginas Civilizadas em “alienar as participações sociais que detêm na Lusa”, altura em que o ministro da Cultura “mostrou abertura para iniciar uma negociação para que o Estado pudesse vir a assumir uma posição mais significativa na estrutura acionista” da agência.
Numa altura em que o Governo entra em gestão na sexta-feira, o ministro da Cultura assumiu que gostaria de ter feito “muito mais coisas” durante o meu mandato.
Mas, apesar de tudo, Pedro Adão e Silva recordou que na reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) incluiu 10 milhões de euros para digitalizar os arquivos das televisões, trabalhou na capitalização da RTP e estava a trabalhar na da agência Lusa.
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