“O ano passado foi uma situação demasiado excecional para a podermos considerar como padrão. Por isso, é evidente que não acredito que o abandono que é reportado se deva à circunstância de, aqui e ali, ter havido falhas de equipamento. Acredito, isso sim, que a uma situação excecional pode corresponder também uma reação excecional”, afirmou José Azeredo Lopes, à margem da reunião dos ministros da Defesa da União Europeia, que decorre em Bruxelas.
O ministro da Defesa comentava a notícia publicada hoje pelo Jornal de Notícias, segundo a qual cerca de 500 militares, contratados e voluntários, abandonaram o Exército no ano passado, mais de metade dos quais devido à sobrecarga horária exigida pelo combate aos fogos.
“O ano passado foi um ano terrível e absolutamente excecional. Um ano que eu espero que não seja repetido nos tempos mais próximos e mais longínquos. Foi preciso, em certas circunstâncias, um nível de empenhamento, até temporal, absolutamente excecional e, também por isso, quero aplaudir e dar os parabéns a quem, sem nunca se queixar, fez esse esforço em prol de uma missão pública que diz respeito a todos os cidadãos”, sublinhou.
Azeredo Lopes lembrou que, este ano, o Governo tem apostado “muitíssimo em iniciar o combate aos fogos florestais, antecipando-o o mais possível para chegar à altura em que eles se venham infelizmente a verificar em condições de maior preparação” e evitar que se repitam as falhas dos incêndios do verão.
“Não creio que seja possível extrapolar em função do nível de diminuição de efetivos apenas com base nos incêndios florestais. Estou a falar um pouco de cor, mas os números de que me dão conta falam de uma percentagem infinitamente mais baixa do que aquela que representa o número dos abandonos”, elucidou.
O ministro da Defesa referiu ainda que o Governo vai continuar a trabalhar para que “a carreira militar seja cada vez mais atrativa ou, pelo menos, que não tenha o potencial de perda que é sucessivamente verificado há longos anos”, através, por exemplo, da melhoria dos incentivos, que já está em circulação para aprovação em Conselho de Ministros, ou da previsão de contratos de duração mais alargada.
“Quando começarmos a ver os efeitos disso, veremos se sim ou não é possível recuperar [o número de efetivos]. Estou convencido que primeiro é possível estancar o número de abandonos e depois recuperar paulatinamente a capacidade”, concluiu.
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