"O ministro, tal como os deputados, é membro de um órgão de soberania. Tendo este facto sempre presente, naturalmente que o ministro da Defesa Nacional irá ao parlamento se vier a ser convidado para tal", disse fonte do gabinete do ministro Azeredo Lopes.
PSD e CDS-PP exigiram no domingo que o ministro da Defesa Nacional preste mais esclarecimentos na comissão parlamentar sobre o que se passou com o desaparecimento de armas dos paióis militares em Tancos.
Em entrevista ao DN e à TSF divulgada no domingo, o ministro da Defesa, referindo-se à falta de provas visuais, testemunhais ou confissão, admitiu que, "no limite, pode não ter havido furto nenhum", frisando que o inquérito em curso ainda não tem conclusões definitivas.
Em declarações à agência Lusa, o deputado do CDS-PP João Rebelo considerou "absolutamente desastrosa" a entrevista do ministro e disse que vai propor que seja acrescentado um tópico sobre a questão de Tancos à agenda da deslocação do ministro ao parlamento agendada para o próximo dia 20.
As condições em que terá ocorrido o furto, a lista exata do material em falta e as condições em que estava a ser feita a vigilância são algumas das respostas que o CDS-PP quer do Governo.
Numa declaração na sede do partido, no domingo, o deputado Carlos Costa Neves acusou o governo de querer disfarçar "fracassos e incapacidades" e afirmou que o PSD vai "tudo fazer durante a próxima semana para que isto se esclareça e sejam assumidas responsabilidades políticas".
Costa Neves criticou que "sem nenhuma comunicação prévia ao parlamento ou partilha de informação", Azeredo tenha esta declaração, o que o PSD afirma que ultrapassa o ridículo: "Quando se pensa que não pode ser pior, é pior".
O ministro da Defesa assegurou que o estado das principais instalações militares é "razoável" e que não existem "situações de fragilidade semelhantes" às de Tancos, mas admitiu que foram detetados casos em que se justificou reforçar a segurança.
Na entrevista, Azeredo Lopes revelou alguns pormenores do relatório que pediu no final de junho, depois do furto em Tancos, à Inspeção-Geral de Defesa Nacional sobre o estado das principais instalações militares, concluindo que "é razoável".
"Situações de fragilidade semelhantes [a Tancos] não foram verificadas. Foram verificadas situações em que se justificava reforçar a segurança", referiu o ministro na Defesa.
Azeredo Lopes indicou ainda que a Inspeção-Geral detetou a necessidade de implementar melhorias em "três dimensões fundamentais", nomeadamente a concentração de material, o reforço dos mecanismos de vigilância e, na parte dos sistemas de informação e de gestão de informação, a criação de um sistema comum aos três ramos.
Isto significa, sublinhou, "a necessidade de uma vez por todas haver um conhecimento instantâneo, atualizado, de tudo o que está nos paióis para se evitar no futuro o que ocorreu em Tancos".
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