“Todas as dificuldades somam-se às dificuldades da vida quotidiana que cada um tem. Podemos imaginar que, por exemplo em fevereiro e março, as greves nos transportes podem ter dificultado, mas tudo isso será rapidamente vencido porque os portugueses são muito solidários”, disse Manuel Pizarro.
No Porto, onde iniciou o dia a doar sangue na unidade móvel do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) instalada nos jardins do Palácio de Cristal, o ministro da Saúde garantiu que, “apesar de uma certa redução das dádivas”, Portugal tem “neste momento a reserva adequada”.
“Não há nenhum tema de segurança, mas esta é uma realidade dinâmica. Todos os dias se acrescentam necessidades e temos de estar muito atentos para não haver dificuldades. Neste caso, dificuldades significa a possibilidade de uma pessoa sobreviver ou não sobreviver”, frisou.
Em entrevista ao Jornal de Notícias, a presidente do IPST, Maria Antónia Escoval, disse que depois de um janeiro “surpreendente”, fevereiro e março foram meses “muito fracos” nas colheitas de sangue, atribuindo as dificuldades às “greves nos transportes e a alguma convulsão social”.
No Dia Nacional do Dador de Sangue, Manuel Pizarro não quis comentar outros temas da atualidade para “focar a mensagem no apelo à dádiva”, sublinhando que não está preocupado com a reserva de sangue porque sabe que “os portugueses são muito generosos”.
“Temos mais de 245.000 dadores regulares de sangue. No ano de 2022, 32.000 portugueses juntaram-se a este grande grupo de gente que dá sangue, mas a verdade é que temos necessidades crescentes porque a Medicina evoluiu e está cada vez mais sofisticada. Fazemos mais transplantação de órgãos, mais cirurgias complexas e as necessidades vão aumentando”, disse, reforçando o apelo.
“Não custa nada”, enfatizou.
Questionado sobre os apelos de algumas instituições para que, além da dádiva tradicional de sangue, os dadores adiram à dádiva de componentes sanguíneos específicos, como as plaquetas, Manuel Pizarro disse que os institutos estão em condições de informar os dadores porque “a colheita pode ser otimizada”.
“Os institutos estão em condições de informar os dadores, caso a caso, da possibilidade que temos de selecionar a oferta. A maior parte das colheitas são de sangue total e depois é feita uma separação das diferentes componentes em laboratório, mas conseguimos otimizar essa colheita se, logo na colheita, fizermos colheita separada de alguns componentes”, referiu.
Prometendo que “o sistema continuará a ser aperfeiçoado”, o ministro da Saúde também lembrou que é preciso “aguardar o novo regulamento da União Europeia de colheita e transplantação de sangue e de órgãos”.
“Esperamos que esse regulamento crie mecanismos que facilitem a colheita de componentes em separado”, concluiu.
O Dia Nacional do Dador de Sangue que hoje se comemora serve para homenagear os dadores que cumprem o seu dever de cidadania com um gesto simples e altruísta, sendo este um gesto capaz de salvar vidas.
Reservas de sangue estão em níveis que necessitam de atenção
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) apelou hoje à dádiva de sangue porque “neste momento as reservas estão em níveis que necessitam de atenção” devido a uma quebra de dádivas em fevereiro e março.
Em declarações aos jornalistas, em representação da presidente do IPST, o diretor do centro do Porto, Jorge Condeço, frisou: “A dádiva não demora muito tempo e é muito importante”.
No Dia Nacional do Dador de Sangue, o responsável disse que “as reservas estão em níveis que necessitam de atenção” e apelou à dádiva de sangue regular e junto dos mais jovens.
“Todos nós podemos contribuir um bocadinho e não só em apelos porque os apelos duram pouco no espaço e no tempo. Em 2022 estivemos em linha com 2021 e 2021 foi um bom ano. Em 2022 houve uma pequena quebra, mas foi um ano aceitável. Começamos janeiro com dados muito bons e estávamos contentes, mas em fevereiro e março houve uma quebra e essa quebra provavelmente tem a ver com toda a preocupação social que reinou”, descreveu.
As greves, dificuldades com deslocamentos, questões relacionadas com o frio, crises epidémicas de gripe e vírus respiratórios poderão ser as causas dessa quebra, enumerou o diretor do Centro de Sangue e Transplantação do Porto, sublinhando que “é preciso recuperar nos meses seguintes”.
“E chamar os mais jovens. Os mais jovens são fundamentais. Em 2021 tivemos um ano fantástico porque tivemos 16% de novos dadores entre os 18 e os 25 anos. É preciso começar isso porque temos uma enorme crise demográfica e isso estende-se aos dadores. Há um conjunto de pessoas que vão saindo do grupo que pode dar sangue e é preciso substituí-los”, frisou.
Sobre a dádiva de componentes sanguíneos específicos e a necessidade que algumas instituições já revelaram de recolher plaquetas, Jorge Condeço explicou que “o sangue total que é doado é separado em componentes [células vermelhas, plasma e plaquetas] e as plaquetas duram sete dias.
“É o grande problema que temos [neste momento]. Necessitamos de um afluxo contínuo de dádivas de sangue para podermos chegar aos doentes todos os dias com plaquetas porque ao fim de sete dias caducam e temos de fazer um novo ciclo”, explicou.
O responsável falava à margem de uma conferência dedicada ao Dia Nacional do Dador de Sangue que decorre esta manhã na Biblioteca Almeida Garrett, nos Jardins do Palácio de Cristal, no Porto, e junto a um placard onde se lia “Bora lá! Dar sangue salva vidas”, que é o mote da campanha lançada pelo IPST.
De acordo com o publicado no ‘site’ do IPST, para ser potencial dador de sangue só é preciso tomar a decisão, sentir-se com saúde e ter hábitos de vida saudáveis, ir ao exame médico e responder com sinceridade às perguntas que lhe forem feitas, dar sangue e tomar uma curta refeição.
Os dadores precisam de ter pelo menos 50 quilos, idade igual ou superior a 18 anos e ser saudáveis.
Comentários