Lula da Silva venceu Jair Bolsonaro nas eleições mais recentes, derrotando o então Presidente que tinha um grande suporte dos militares, mas o atual titular da pasta da Defesa brasileira, José Múcio Monteiro, considera que as relações estão hoje normalizadas.
Durante o governo de Bolsonaro “a política colocou muito militar na política e muita política nos militares”, salientou, em entrevista à LUSA. Várias lideranças militares foram já substituídas por Lula da Silva, principalmente perante a conivência com grupos de apoiantes de Bolsonaro, que acamparam perto de quartéis após as eleições de outubro a contestar o resultado.
“Um militar aqui, lá, em qualquer país, é funcionário de carreira ligado à Constituição”. Eles são os “guardiões da Constituição Brasileira, eles não são empregado do governo de plantão” mas sim do Estado, salientou Múcio Monteiro, que salientou o esforço do atual executivo em modernizar as forças armadas e em investir nas indústrias de defesa.
O objetivo são “forças armadas modernas com equipamento moderno”, salientou. Mas, “evidentemente, eu não tenho coragem, num país que tem gente com fome, de investir em equipamento” militar quando existem outros problemas mais urgentes, disse, embora defendendo um aumento gradual do investimento, passando de 1,2 por cento do orçamento para perto de 2%.
No caso das indústrias de defesa, o ministro explicou que podem "fazer mais navios, fazer mais submarinos, mas isso depende apenas de termos clientes”, disse Múcio Monteiro, recordando que existem estudos que indicam que o investimento neste setor tem retorno: “por cada real voltam 9 reais” de riqueza produzida para o país.
No plano político, o ministro da Defesa está satisfeito com as relações com os militares, salientando que Lula tem experiência e canais de diálogo.
“Os militares estão calmos, a relação com o Governo é ótima, com o Presidente da República é ótima, mas nós vivemos numa democracia” e é normal que alguns grupos “não gostem” do chefe do Executivo brasileiro, reconheceu José Múcio Monteiro, que comparou a situação com o protesto do partido português Chega na Assembleia da República – durante o discurso do Presidente brasileiro – como um exemplo das diferenças de opinião.
“Houve um grupo que protestou lá, nós também temos um grupo que protesta [no Brasil], isso é da democracia”, salientou o governante.
Lula “veio de bases populares, veio da base sindical e venceu uma eleição duríssima”, sucedendo a um chefe de Estado com “perfil completamente diferente”, pelo que é preciso tempo para que o atual Presidente consiga “implantar as suas ideias”, acrescentou.
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