“É obviamente um dado preocupante e mais preocupante ainda é o que se lhe associa, e que é resultado dela, que é haver um conjunto de albufeiras do país que são usadas para consumo humano e para um conjunto de outros usos, nomeadamente de rega, onde neste momento a disponibilidade hídrica é inferior ao comum, nalguns casos é mesmo bastante preocupante”, afirmou, na Maia, no distrito do Porto.
À margem da cerimónia de assinatura dos contratos de financiamento de projetos de educação ambiental, o governante referiu que enquanto não chover e, mesmo depois de chover, é necessário que as pessoas sejam “muito cautelosas” na utilização da água.
João Matos Fernandes lembrou que, desde o início e sem imaginar a dimensão do problema, garantiu que a água não ia faltar nas torneiras de ninguém e, até à data, sublinhou, é verdade.
“Vamos acreditar firmemente que este mês vamos encontrar uma solução provisória que obviara ao problema tão complexo que é o de não ter água na torneira, continuamos a acreditar que isso não vai acontecer no país, tendo naturalmente a expectativa que se cumpra o ciclo natural”, salientou.
O ministro sustentou que proibir não é solução, o que é importante é partilhar com as pessoas a informação disponível, tendo recebido das autarquias, cujo grau de preocupação é tão grande como o do Governo, e das associações de regantes uma “grande solidariedade”.
“Nós sentimos que o Governo fez o que tinha a fazer em face deste problema natural que existe e, pela primeira vez, Portugal tem um plano de combate à seca, aprovado no início do verão, e tem feito através da comissão de albufeiras um acompanhamento, em alguns casos, diário, nomeadamente no Alentejo e na Bacia do Sado”, sustentou.
Mais de 80% de Portugal continental encontrava-se em setembro em seca severa, segundo o Boletim Climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), que caracterizou aquele mês como “extremamente quente”.
De acordo com os dados mais recentes, a quantidade de água armazenada em setembro voltou a descer em todas as bacias hidrográficas de Portugal continental monitorizadas.
No início da semana, o secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, admitiu no final da reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras o risco iminente de escassez de água nos concelhos servidos pela Barragem de Fagilde, no distrito de Viseu, se continuar a não chover.
A seca já levou o Governo a decretar apoios excecionais aos agricultores para captação de água, nomeadamente nos distritos alentejanos de Évora, Beja e Portalegre e nos concelhos de Alcácer do Sal, Grândola e Santiago do Cacém, banhados pelo Sado.
A próxima reunião da Comissão de Gestão de Albufeiras será realizada dentro de duas semanas, na Administração da Região Hidrográfica do Centro, para “ver que medidas podem ser tomadas para tentar minimizar os problemas”.
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