“Tanto como os outros países que estão aqui a ajudar Moçambique a recuperar-se desta violência, o Governo norte-americano está pronto e vai efetivamente participar na própria resposta”, declarou John Grabowski, conselheiro regional do Gabinete para Assistência Humanitária da agência norte-americana para a ajuda ao desenvolvimento (USAID).

Aquele responsável falava em Pemba, momentos após entregar 60.000 ‘kits’ de material diverso (entre mantas e algum material de construção) para apoiar 20.000 famílias vítimas do terrorismo em distritos do norte de Cabo Delgado.

Embora admita que não existe ainda qualquer plano específico para apoiar Moçambique na reconstrução de infraestruturas destruídas, John Grabowski frisou que os Estados Unidos estão “sempre prontos”, acrescentando que as estratégias para a recuperação serão feitas “em função dos planos do Governo [de Moçambique]”.

“Vamos refletir sobre como é que podemos investir, não só na continuação do apoio aos deslocados, mas também na própria reconstrução e recuperação destas zonas que foram abandonadas para efetivamente permitir com que os camponeses voltem para as suas casas”, declarou.

A província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, é palco de ataques por grupos armados desde 2017, incursões que já provocaram mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

A luta contra os insurgentes em Cabo Delgado ganhou um novo impulso, quando em 08 de agosto as forças conjuntas de Moçambique e do Ruanda reconquistaram a estratégica vila portuária de Mocímboa da Praia, que estava nas mãos dos rebeldes há mais de um ano e que era considerada “base” destes grupos armados.

Além do Ruanda, Moçambique tem agora apoio da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), num mandato de uma “força conjunta em estado de alerta” aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.