"Esta moção de censura é um ato indignação política. Se melhor razão não houvesse para a moção do CDS, ela resultou na confissão do Governo, com a demissão da ministra da Administração Interna, o pedido desculpa do primeiro-ministro, o Conselho de Ministros", disse à Lusa o líder parlamentar centrista, Nuno Magalhães.

O CDS vai acompanhar a apresentação da moção, que tem chumbo garantido, com propostas alternativas em várias áreas da governação, seguindo-se visitas a regiões afetadas pelos incêndios na quarta, quinta e sexta-feira.

Na moção, que tem por título "Pelas falhas do Governo nos incêndios trágicos de 2017", o CDS-PP considera que "as medidas anunciadas para o médio e longo prazo não justificam a omissão no curto prazo" e que, no período entre as duas tragédias, "o primeiro-ministro não se mostrou disponível para assumir as responsabilidades políticas" já contidas no relatório da Comissão Técnica Independente sobre os incêndios de junho.

O Governo minoritário do PS enfrentará, assim, na terça-feira a sua primeira moção de censura, a 29.ª em 43 anos de democracia, mas PCP, BE e PEV já anunciaram que vai "chumbar" a iniciativa do CDS-PP.

Esta é a sétima moção de censura apresentada pelo CDS-PP e a 29.ª a ser discutida na Assembleia da República.

Os três partidos de esquerda que têm apoiado o executivo, PCP, BE e PEV, já anunciaram que votam contra. Com os votos do PS, a moção é chumbada.

No texto da moção, o CDS-PP começa por lembrar as vítimas do fogo iniciado em Pedrógão Grande, em 17 de junho, sobre a qual o relatório da Comissão Técnica Independente conclui que "era possível ter evitado a propagação do incêndio" e limitado a tragédia.

"Tal não aconteceu por incompetência e descoordenação do Estado", acusam os centristas, que criticam o primeiro-ministro, António Costa, por durante quatro meses "pouco ou nada" ter feito para repor a confiança dos cidadãos e, após a divulgação do relatório, ter perdido "nova oportunidade para revelar sentido de Estado".

No passado domingo, o país foi atingido por uma nova vaga de incêndios que provocaram, até agora, 42 mortos e mais de 500.000 hectares de área ardida.

"Analisado o período que mediou as duas tragédias, verificamos que o Governo não fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar o sucedido", critica o CDS-PP, lamentando igualmente "as declarações insensíveis e desajustadas dos membros do Governo" após os incêndios deste fim-de-semana.