“Estávamos numa operação que é muito normal na cidade, falámos com as pessoas sem-abrigo, estávamos a limpar toda uma zona da cidade e, portanto, essa limpeza é uma limpeza que as pessoas agradecem, porque a avenida estava suja”, afirmou Carlos Moedas (PSD), referindo-se à ação desenvolvida na semana passada na Avenida Almirante Reis.
O autarca falava à margem da assinatura de um protocolo entre a Câmara Municipal de Lisboa (CML), a empresa Construção Pública (anteriormente designada de Parque Escolar) e a Fundação JMJ — Lisboa 2023, para a disponibilização de 110 escolas e três equipamentos municipais para acolhimento de 41 mil peregrinos, que foi celebrado na Escola Básica Francisco Arruda, na Calçada da Tapada, na freguesia lisboeta de Alcântara.
Questionado pelos jornalistas sobre a ação de limpeza junto de pessoas em situação de sem-abrigo, que foi associada à visita do Papa durante a JMJ, o presidente da câmara disse que se trata de “uma atitude completamente politizada sobre o trabalho que é feito em Lisboa sobre as pessoas em situação de sem-abrigo”.
“Nós investimos mais do que ninguém naquilo que são as pessoas em situação de sem-abrigo: sete milhões de euros. Temos soluções de dar casas a estas pessoas, que já chegam a 400 casas, e aquilo que fizemos e que foi atacado politicamente é absolutamente vergonhoso”, declarou.
O autarca reforçou que as tendas de pessoas em situação de sem-abrigo continuam a estar na Avenida Almirante Reis.
“Obviamente que o que nós queremos é dar soluções às pessoas para ir para outros sítios e essas soluções são dadas pela Câmara de Lisboa, é isso que nós fazemos todos os dias, é trabalhar com essas pessoas”, defendeu Carlos Moedas.
O presidente do executivo municipal disse ainda que “é ofensivo atacar equipas da câmara, que trabalham com pessoas em situação de sem-abrigo, conhecem essas pessoas pelo nome, que trabalham com elas todos os dias, que as apoiam todos os dias, [ao] dizer que havia ali alguma manipulação ao tirar as pessoas”.
“Vão lá, as pessoas estão lá, mas eu gostaria é que as pessoas pudessem estar noutros sítios, não estivessem na rua. É para isso que nós trabalhamos todos os dias”, expôs.
Do executivo municipal, a vereadora do BE, Beatriz Gomes Dias, manifestou, há duas semanas, “enorme estupefação” e solicitou informação sobre as ações previstas junto das pessoas em situação de sem-abrigo.
“As pessoas em situação de sem-abrigo não podem ser ameaçadas de ‘limpeza’. Ao invés, devem ser apoiadas. Afastar das ruas esta população vulnerável, pela força, é típico de políticos autoritários que pretendem esconder os resultados da sua má política perante os visitantes”, lê-se no requerimento do BE, dirigido ao presidente da câmara.
Em resposta à agência Lusa, a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), explicou que nas ações de apoio permanente às pessoas em situação de sem-abrigo são disponibilizadas “soluções de acolhimento em locais múltiplos, consoante a especificidade de cada caso, que oferecem sempre uma resposta com valências ao nível de cuidados de saúde, alimentação, acompanhamento psicossocial e alojamento, naturalmente, em estreito respeito pela sua vontade relativamente à aceitação destas respostas”.
“Sistematicamente, a CML é acusada pelas forças da oposição, seja porque atua, seja porque não atua. Que fique claro que essas acusações não desviarão, nunca, a CML de agir e intervir, sempre, orientada pela defesa da dignidade das pessoas em condições de maior vulnerabilidade, bem como da do bem-estar de todos os munícipes”, defendeu Sofia Athayde.
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