Elisa Lamas “marcou fortemente" várias gerações de músicos e compositores portugueses, afirma a JMP.
Nascida em Paço de Arcos, no concelho de Oeiras, Lisboa, no dia 1 de fevereiro de 1926, Elisa Paulina Ferreira Lamas nasceu é oriunda de uma família de músicos. Diplomou-se em Piano e Composição no Conservatório Nacional de Lisboa, tendo estudado com Botelho Leitão, Maria Cristina Pimentel e Croner de Vasconcelos, e especializou-se no Mozarteum de Salzburg, na Áustria, como bolseira do Instituto para a Alta Cultura.
Professora do Conservatório desde 1952 e até à aposentação, Elisa Lamas lecionou Piano, Formação Musical e Harmonia. Foi também professora no Centro de Estudos Gregorianos. Além de reger vários cursos de aperfeiçoamento para professores de Formação Musical, em diferentes escolas de música, foi coautora de programas desta disciplina, destinados às escolas profissionais da especialidade.
Fez parte de várias comissões diretivas do Conservatório Nacional, a partir de 1974, e, em 1977, da Comissão de Reestruturação deste estabelecimento de ensino. Esteve ainda na Comissão Instaladora e no Conselho Científico da Escola Superior de Música de Lisboa, criada em 1983.
A pianista pertenceu igualmente às direções artísticas dos Cursos Internacionais do Festival de Música do Estoril, da Sociedade de Concertos Pró-Arte e da Orquestra Filarmónica de Lisboa.
Como pianista, a sua carreira foi marcada sobretudo por recitais em todo o país, tendo atuado também como solista, em particular com a orquestra do Teatro Nacional de São Carlos, no Teatro Tivoli, em Lisboa, e na Radiotelevisão Portuguesa.
“Figura incontornável no aperfeiçoamento dos professores de Formação Musical através dos cursos que ministrou”, Elisa Lamas “marcou fortemente" várias gerações de músicos e compositores portugueses "através do seu ensino sério, exigente e eficaz”, recorda a Juventude Musical Portuguesa.
O pianista Artur Pizarro, numa reação à morte da pianista, publicada na página da Música Clássica em Portugal, na rede Facebook, recorda-a como "a Nádia Boulanger portuguesa", num paralelo com a pedagoga, musicóloga e compositora francesa que teve, entre os seus discípulos, os principais músicos e compositores do século XX.
"A Senhora Dona Elisa foi uma professora e amiga pela qual terei sempre o maior respeito, a maior estima, o maior carinho e amor por tudo o que me ensinou, que me enriqueceu enormemente", escreve Artur Pizarro, para quem "muitos músicos portugueses, amigos e familiares certamente farão tudo para manter a memória [de Elisa Lamas] bem viva e o seu legado sempre relevante".
A escritora Margarida Fonseca Santos, por seu lado, afirma não ser fácil descrever "o que esta Grande Senhora fez pelo mundo da música, da formação musical e da harmonia", em Portugal. "Mas é fácil dizer isto: tive o privilégio de aprender com ela o que sou hoje enquanto professora e colega, foi com Elisa Lamas que aprendi a olhar para cada aluno e dar tudo por que avance, compreenda e goste de aprender", acrescenta a criadora de "O Reino de Petzet", na cronologia da sua página na rede social.
Elisa Lamas é autora da “Sebenta de Harmonia com vista à realização do baixo-cifrado”, que reúne apontamentos e sistematiza encadeamentos de acordes, que serviram durante largos anos de apoio ao curso de Harmonia do Conservatório Nacional de Lisboa.
O funeral da pianista realiza-se na quinta-feira às 15:00, da Igreja de São João de Deus, em Lisboa, para o cemitério dos Prazeres, depois da missa, marcada para as 14:00. O corpo de Elisa Lamas estará na igreja da Praça de Londres a partir das 10:00.
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