“É com grande tristeza que a HarperCollins anuncia que a autora de ‘best-sellers’ Hilary Mantel morreu em paz, rodeada de familiares e amigos próximos, [quinta-feira] com 70 anos de idade”, escreveu o grupo editorial. Não foi adiantada a causa de morte.
Hilary Mantel foi uma das maiores romancistas inglesas deste século e as suas obras são consideradas clássicos modernos, acrescentou em comunicado.
A escritora publicou o seu primeiro livro em 1985 ("Every Day is Mother's Day"), mas é conhecida, em particular, pela sua trilogia sobre a vida turbulenta de Thomas Cromwell, um dos principais nomes do período da Reforma na Inglaterra.
Os dois primeiros volumes da série traduzida para 41 idiomas ("Wolf Hall" e "O Livro Negro") renderam o Booker Prize em 2009 e 2012. O terceiro volume ("O Espelho e a Luz"), lançado em 2020, foi elogiado pela crítica, e o lançamento provocou muitas filas nas livrarias.
Além destes livros, a coletânea de contos "O Assassinato de Margaret Thatcher" foi publicada em 2015 pela Jacarandá.
Mantel (antes Hilary Mary Thompson) nasceu a 6 de julho de 1952, no Derbyshire, no seio de uma família de origem irlandesa. Nas suas memórias ("Giving Up the Ghost", 2003), a escritora afirma ter crescido com a desvantagem de ser "mulher, do norte e pobre".
No livro, ela imagina o que teria sido a sua vida com uma filha que jamais teve, porque ficou estéril depois de sofrer uma doença desconhecida à época, a endometriose. Batizada de Catriona, a filha imaginária foi sem dúvida o fantasma mais comovente dos vários espectros que marcaram a sua obra.
Depois de estudar Direito na London School of Economics e, de seguida, na Universidade de Sheffield, Mantel viajou com o geólogo Gerald McEwen, que se tornaria o seu marido, para o Botsuana, onde moraram por cinco anos. Depois, a escritora morou por quatro anos na Arábia Saudita, antes de regressar para a Grã-Bretanha em meados dos anos 1980.
"Todos no Booker Prize estão profundamente tristes com a morte de Hilary Mantel", afirmou a conta no Twitter do principal prémio literário britânico.
Além das duas conquistas do prémio Booker, Mantel venceu ainda o National Book Critics Circle Award em 2009, foi por duas vezes autora do ano do Reino Unido (2010 e 2012) e foi agraciada com a President's Medal da Academia Britânica, entre outros prémios.
A escritora recebeu também duas honras distintas da Ordem do Império Britânico: a de Comendadora, em 2006, e de Dama-Comendadora, em 2014.
Em Portugal, a obra de Mantel concentra-se essencialmente na trilogia "Wolf Hall": os dois primeiros livros foram publicados pela antiga Editora Civilização, tendo sido reeditados em 2020 pela Editorial Presença, também responsável por editar "O Espelho e a Luz".
"Hilary era a melhor da sua geração, deste período, uma romancista importante, corajosa, com uma imensa empatia (...) Vamos sentir muita falta da sua companhia, do seu humor e vamos para sempre amar o seu incrível legado literário", afirmou Charlie Redmayne, presidente da HarperCollins no Reino Unido.
Cada um dos seus livros oferecia "uma trama inesquecível de frases luminosas", elogiou o seu ex-editor Nicholas Pearson, que revelou que a escritora ainda no mês passado estava a trabalhar num novo livro.
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