A atriz, cuja beleza sensual e voz grave fascinou destacados realizadores ao longo de uma carreira de 65 anos, foi encontrada morta em casa, na capital francesa, confirmou à agência France Presse a autarca do bairro, Jeanne d'Hauteserre.

Nascida a 23 de janeiro de 1928, em Paris, filha do dono de uma cervejaria e de uma bailarina britânica, a atriz participou em mais de 130 filmes, entre eles “O Gebo e a Sombra”, de Manoel de Oliveira, "Jules e Jim", de François Truffaut, ou “Querelle”, de R. W. Fassbinder.

Num comunicado de condolências e de homenagem à atriz publicado no sítio ´online´ da Presidência da República Francesa, Jeanne Moreau é descrita como uma artista que encarnava por si só a arte do cinema.

"Com ela desaparece uma artista que encarnava o cinema na sua complexidade, memória e exigência. A lista de realizadores que a dirigiram conta a História do Cinema do século XX, desde Louis Malle, Roger Vadim, François Truffaut, Amos Gitai, Wim Wenders, Orson Welles, Joseph Losey, Michelangelo Antonioni, Jean-Luc Godard, e tantos outros", destaca o comunicado da presidência liderada por Emmanuel Macron.

O governo francês também sublinha a grande força de uma atriz que desde o início "escapou às categorias que lhe quiseram impor", como "mulher fatal" ou "sedutora fútil".

"Ela trabalhou tão bem com Philippe de Broca como Bertrand Blier, com Manoel de Oliveira ou Luc Besson. Tal era a sua liberdade, constantemente reivindicada, colocada ao serviço de causas em que acreditava, como mulher de esquerda, sempre rebelde, contra a ordem estabelecida, como a rotina", acrescenta a nota.

Também recorda o trabalho de Jeanne Moreau no teatro, em papéis de textos de grandes autores como Jean Cocteau, Tennessee Williams, Frank Wedekind, Heiner Müller, Fernando de Rojas, Jean Genet.

A atriz destacou-se igualmente como cantora, e foi realizadora, deixando ainda participações na televisão, nomeadamente em grandes sagas realizadas por Josée Dayan.

"Uma parte lendária do cinema desaparece com Jeanne Moreau", assinala a nota da Presidência da República Francesa.

A intérprete fascinou realizadores como Orson Welles ("História Imortal"), que a chegou a considerar a “melhor atriz do mundo”, Luis Buñuel ("Diário de uma criada de quarto"), Michelangelo Antonioni ("A Noite") e Joseph Losey ("Eva").

Moreau recebeu em 1992 um prémio César de melhor atriz pelo desempenho em "La vieille qui marchait dans la mer", de Laurent Heynemann.

Em 1960 foi galardoada no Festival de Cinema de Cannes pelo filme "Moderato Cantabile", de Peter Brooke, tendo sido a primeira mulher eleita para a Academia francesa das Belas Artes.

Após uma carreira recheada, que lhe valeu, entre várias distinções, três BAFTA Awards e dois prémio Urso de Ouro, Moreau viria a ser a primeira mulher a tornar-se membro da Academia das Belas Artes. É ainda a única atriz a ter presidido o júri do Festival de Cannes em duas ocasiões.

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