A intérprete de "Menina dos Telefones" (1961) morreu no Hospital de Santa Maria, onde se encontrava internada desde o dia de 20 de fevereiro.

De seu nome completo Maria José Valério Dourado, nasceu a 3 de maio de 1933 na Amadora e protagonizou outros êxitos como “Olha o Polícia Sinaleiro” e “As Carvoeiras”.

O Sporting CP, clube do qual era adepta, já reagiu nas redes sociais à notícia da sua morte. "A sua voz vai soar eternamente nos nossos corações. Até sempre, Maria José Valério", lê-se na mensagem

No site oficial do clube foi publicada ainda uma nota de pesar, salientando a "voz inconfundível e imagem singular" da artista.

"Sportinguista de coração, marcava presença em Alvalade sempre que podia e participava em várias das festas Leoninas espalhadas pelo País. Aos familiares e amigos, o Sporting CP manifesta o seu mais profundo pesar, não deixando de enaltecer e agradecer os anos de amor e dedicação ímpar de Maria José Valério ao Clube", escreveu o clube leonino.

Sobrinha do compositor Frederico Valério (1913-1982), Maria José Valério logo na década de 1950 participou em vários espetáculos de variedades da então Emissora Nacional, e nas emissões experimentais da RTP, na Feira Popular, em Lisboa, depois de ter frequentado o Centro de Preparação de Artistas da Rádio da Emissora Nacional.

Já em 2000, participou na série televisiva “Casa da Saudade”, de autoria de Filipe la Féria, tendo contracenado com Carmen Dolores, Anita Guerreiro, Virgílio Teixeira, Raul Solnado, João d’Ávila, Helena Rocha e Artur Agostinho, entre outros.

Dez anos antes, participou na série televisiva “Um Solar Alfacinha” ao lado de Deolinda Rodrigues, Pedro Pinheiro, Carlos Cabral, Natalina José e Natália de Sousa, entre outros.

No cinema, participou no filme “O Homem do Dia” (1958), de Henrique Campos e Teresita Miranda, protagonizado pelo ciclista Alves Barbosa (1931-2018).

Segundo a “Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX”, a sua “interpretação vocal privilegia a emancipação do texto com uma voz aberta, do peito, potente, com um timbre rouco”, e destaca “a sua gestualidade como forma de potenciar a dimensão emotiva do texto”.

Na década de 1960, foi eleita rainha da Rádio de Goa, território então sob administração portuguesa.

Em 1962, casou com o matador de touros José Trincheira, que marcou a atualidade da época, com transmissão em direto pela RTP. O casamento foi celebrado pelo então cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Cerejeira, na igreja do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, tendo o Papa mandado tocar o sinos em Roma, em sinal de bênção.

A artista gravou, em homenagem ao marido, do qual se veio a separar, o ‘pasodoble’ “Trincheira”, no qual exalta as suas qualidades toureiras. O toureiro despediu-se das arenas em 1989.

Em 2004, recebeu a Medalha de Mérito da Cidade de Lisboa, grau ouro. Em maio de 2009, o município da Amadora inaugurou um centro cultural com o seu nome, na freguesia da Venteira.

Em 2017, liderou, com o cantor António Calvário, o espetáculo “Do musical à revista”.

O seu repertório, dividido entre o fado e a canção ligeira, inclui temas como “Cantarinhas”, “Fado da Solidão”, “Expedicionário", "Um Dia", "Casa Sombria", "Deixa Andar”, "Férias em Lisboa", "Longos Dias", "Lisboa, Menina Vaidosa", "Nunca Mais", muitos da dupla de autores Eduardo Damas e Manuel Paião, que assinam também a “Marcha do Sporting”.

Nos inícios da década de 1970 realizou uma temporada de cerca de um ano no Brasil, um dos vários países onde atuou, além de Angola, França, Espanha, Canadá e África do Sul.

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