O grupo é acusado de “dispor de um número não concretamente apurado [de cestas e paletes] como se suas fossem, com o intuito de obter uma vantagem patrimonial a que sabiam não ter direito, causando um prejuízo à ofendida”, segundo o despacho de acusação citado pelo Jornal de Notícias (JN).
O transporte era feito entre os centros logísticos da Bimbo, em Lisboa e Albergaria, e os centros de venda, em Braga e no aeroporto. O desvio acontecia no final do trajeto, no momento de entrega da mercadoria, quando não era devolvida a totalidade das cestas e paletes.
As paletes seriam mais tarde vendidas à empresa Top Paletes, com sede em Leça do Balio, na Maia, que pagava aos motoristas “1,5 euros por cada palete de plástico de cor preta e 10 euros por 80 cestas de plástico de cor azul”. O pagamento era feito no momento da descarga e os bens voltavam a ser introduzidos no mercado.
O percurso das paletes da Bimbo continuava até Gondomar, onde os bens eram entregues à sociedade Gondopaletes, uma empresa de valorização de resíduos. Por sua vez, a Gondopaletes vendia as cestas à REP - Reparações de Plástico e à Valpolimers, empresas de reciclagem de plástico da Batalha e Guimarães, respetivamente.
Por esta troca, a Gondopaletes recebia 300 euros por tonelada de paletes de cor preta e a 410 euros por cada mil quilos de cestos de cor azul. As cestas eram destruídas e recicladas para venda do plástico. Inclusive, a acusação relata que foi encontrado um saco de plástico triturado, “resultado da destruição de cestos azuis da Bimbo”, nas instalações da Valpolimers, uma das empresas.
Assim, os motoristas são acusados do crime de abuso de confiança, na forma continuada, e de acordo com a ordem do MP, devem devolver “pelo menos 700 mil euros” ao Estado. “O valor concreto não foi determinado, mas será de pelo menos 700 mil euros, correspondentes aos objetos e valores de que se apoderaram”, lê-se.
Por outro lado, as empresas de reciclagem são acusadas de proceder “à reconstrução/reparação” de paletes, para as introduzir “novamente no mercado com o intuito de obter vantagens patrimoniais”.
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