A afluência anormal aos postos de abastecimento espanhóis deve-se aos problemas de tráfego rodoviário e escassez de combustível em todo o território português, devido à greve dos motoristas, por tempo indeterminado, convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM).
Neste âmbito, a confederação espanhola CETM aconselha os motoristas que operam em Portugal ou circulem nas estradas portuguesas a tomarem medidas e organizarem bem as suas rotas de viagem face aos possíveis engarrafamentos e paragens de trânsito.
Já na sexta-feira de manhã, vários automobilistas concentravam-se nos postos de combustíveis junto à fronteira luso-espanhola entre o Algarve e a Andaluzia preocupados com os efeitos da greve dos motoristas.
A três dias do início da greve, a Lusa visitou postos de abastecimento do lado espanhol da fronteira, em Ayamonte, e encontrou automobilistas portugueses a abastecer, como João Carlos Nogueira, que disse acreditar que “as filas que já se registam nos postos de combustíveis em Portugal são motivadas pelas notícias” sobre a greve, que “estão a alarmar” as pessoas.
“Não percebo como é que, a dias do início da greve, já há tanta fila pelo país para abastecer o carro. Quando chegar a greve, como vai ser?”, questionou este automobilista, frisando que, “para esperar em Portugal, mais vale vir a Espanha abastecer e ainda sai mais barato”.
Luís Carlos também estava a abastecer em Ayamonte, mas garantiu que a razão que o fez viajar cerca de 15 quilómetros entre Portugal e a bomba mais próxima não foi o receio das consequências da greve, mas “porque habitualmente o abastecimento já é feito em Espanha”.
“Deste lado não há greve, os combustíveis não vão acabar e temos sempre esta possibilidade de cá vir abastecer. Mas quem não mora junto à fronteira, não tem essa hipótese e pode ter a vida bastante complicada”, considerou.
A necessidade de regressar a casa depois das férias e as reportagens televisivas a mostrar filas nos postos de abastecimento também levaram Carlos Figueiroa a Ayamonte, disse este alentejano de Beja à Lusa.
“Começámos a ver as filas na televisão, decidimos que era melhor encher já o depósito, mas como já havia algumas filas nas bombas em Vila Real de Santo António, decidimos aproveitar para dar uma volta e abastecer aqui em Ayamonte”, afirmou.
Na sequência da greve dos motoristas, o Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100% e declarou crise energética, que implica “medidas excecionais” para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.
Portugal está, desde sábado e até às 23:59 de 21 de agosto, em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição da REPA - Rede de Emergência de Postos de Abastecimento, com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.
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