“Cobardes” e “traidores” foram algumas das palavras proferidas por um grupo de trabalhadores perante a saída de alguns colegas com os camiões, no segundo dia de greve dos motoristas.
“A nossa revolta é porque estes cobardes estão a fazer isto para agradar aos patrões. Isto nem se trata de cumprir os serviços mínimos”, afirmou à agência Lusa um dos motoristas em greve, que se encontrava mais exaltado.
Segundo constatou a Lusa no local, apesar da exaltação dos grevistas, não houve necessidade de escolta policial para os motoristas que conduziam os camiões cisterna.
“Temos muita pena que haja trabalhadores a venderem-se por tão pouco”, avançou outro trabalhador em greve, sem se querer identificar.
Pelas 16:00, estavam concentrados junto à sede da CLC, na localidade de Aveiras de Cima, no concelho da Azambuja, distrito de Lisboa, cerca de duas dezenas de motoristas em greve, que vão passando o tempo a conversar sobre a sua situação.
No local, esteve também o porta-voz do Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP), Pardal Henriques, que em declarações aos jornalistas, admitiu que toda esta situação em torno da greve está a desmotivar os trabalhadores.
“Eles sentem-se traídos e é importante manter esta gente motivada”, avançou Pardal Henriques.
Ao fim do primeiro dia de greve de motoristas, o Governo decretou a requisição civil, alegando o incumprimento dos serviços mínimos.
O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Antunes, após uma reunião do executivo por via eletrónica, justificou a medida por o Governo ter constatado que os sindicatos que convocaram a greve dos motoristas de mercadorias e de matérias perigosas "não asseguraram os serviços mínimos", particularmente no turno da tarde.
A greve que começou na segunda-feira, por tempo indeterminado, foi convocada pelo SNMMP e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM), com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.
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