"Tudo o que foi decidido em Aveiras será cumprido aqui no Algarve", disse aos jornalistas Bento Lopes, que representa os motoristas de matérias perigosas na região, sublinhando, no entanto, que "até à hora [da greve] tudo se pode alterar".

Cerca de trinta motoristas do Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM) e do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) estiveram reunidos esta tarde em plenário, durante cerca de duas horas, num restaurante em Olhão.

No final, dirigentes de ambos os sindicatos disseram aos jornalistas que preferiam "não ter chegado a esta situação", mas o facto de não serem aumentados há mais de vinte anos leva-os a manterem a greve.

"Não queríamos que isto acontecesse, não queríamos chegar a esta situação, mas há 22 anos que não temos aumentos e estamos a reivindicar por causa disso", declarou Luís Matos, do SIMM.

Segundo aquele dirigente sindical, o impacto da greve "pode ser muito grande no Algarve", numa altura em que há milhares de turistas de férias na região e "ninguém gosta que faltem coisas nas prateleiras [dos supermercados]".

Ao final da tarde, os dois sindicatos já tinham confirmado que iam avançar para a greve, a partir de segunda-feira e por tempo indeterminado.

Durante a reunião, os sindicatos definiram os piquetes de greve e acertaram alguns pormenores, mas ainda vão falar "uns com os outros" para decidir onde se vão encontrar, adiantou Bento Lopes.

Quanto à duração da greve, segundo Luís Matos, "depende só das outras partes".

A greve foi convocada pelo SNMMP e pelo SIMM, a que se associou o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN).

Os motoristas reivindicam que a Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) cumpra o acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.

O Governo decretou serviços mínimos entre 50% e 100%, racionou os abastecimentos de combustíveis e declarou crise energética até às 23:59 de 21 de agosto, o que implica "medidas excecionais" para minimizar os efeitos da paralisação e garantir o abastecimento de serviços essenciais como forças de segurança e emergência médica.

Num parecer solicitado pelo Governo, o Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) considera que o executivo "tem direito a fixar serviços mínimos indispensáveis" para satisfazer "necessidades sociais impreteríveis".

Entende o Conselho Consultivo da PGR que "a requisição civil só deverá ser utilizada, excecionalmente, em situações em que o incumprimento ou o cumprimento defeituoso dos serviços mínimos sejam causadores de graves perturbações da vida social".