“A situação não está normal, a nossa população está muito agitada”, declarou Ali Anli, chefe da localidade de Natuco, localizada a mais de 100 quilómetros da capital da província de Cabo Delgado (Pemba).
Embora as primeiras movimentações no distrito de Mecúfi tenham sido registadas sem ataques a civis, segundo a fonte, algumas pessoas de localidades do interior decidiram abandonar a região com destino à sede distrital ou à capital provincial.
“Há relatos de que costumam capturar pessoas, obrigando-as a indicar o caminho para os destinos que procuram chegar. Depois manda-as voltar para as sua casas (…) Eles seguem em direção ao rio Lúrio, na fronteira entre as províncias de Cabo Delgado e Nampula”, declarou Ali Anli.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.
Após um período de relativa estabilidade, nas últimas semanas, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afetados.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.
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