De acordo com a lista da publicação internacional especializada em arte contemporânea, o Museu Berardo, localizado em Belém, é, novamente, o único português que entra nesta lista dos 100 museus mais visitados do mundo em 2020, liderada pelo Museu do Louvre, em Paris, com 2,7 milhões de entradas.
Na lista dos cem mais visitados, encontram-se também três museus do Brasil: na 18.ª posição, o Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, com 790 mil visitantes, na 75.ª posição o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, com 309 mil visitantes, e, em 84.º lugar, o Centro Cultural do Banco do Brasil em São Paulo, com 282 mil visitantes.
O relatório aponta que os cem museus mais visitados sofreram, em geral, quebras de 77% devido ao “impacto devastador” da covid-19 em todo o mundo – entre encerramentos e limitações de entradas nas exposições -, com o Museu Berardo a registar uma redução de 70%, e os museus do Brasil que figuram na lista entre 45% e 70%.
A The Art Newspaper – que regista os números de visitas há mais de 20 anos – recorda que, num ano normal, mais de nove milhões de visitantes se alinhariam para ver o quadro da Mona Lisa, a mais famosa obra de Leonardo da Vinci, no Louvre, em Paris, mas em 2020 foi diferente: registaram-se 54 milhões de entradas nos cem museus mais visitados, muito menos do que os 230 milhões de 2019.
O Museu do Louvre, em Paris, continuou a liderar as visitas em 2020, com 2,7 milhões de entradas (uma redução de 72% relativamente a 2019), seguindo-se o Museu nacional da China, em Pequim, com 1,6 milhões de entradas (uma diminuição de 78%), depois a Tate Modern, em Londres, com 1,4 milhões (77%), os Museus do Vaticano, com 1,3 milhões (81%), e o Museu Britânico, com 1,27 milhões (80%).
Em sexto lugar ficou o Museu Rainha Sofia, em Madrid, com 1,24 milhões de entradas (72%), o Museu do Estado Russo, em São Petersburgo, com 1,2 milhões (50%), a National Gallery, em Londres, 1,19 milhões (80%), o Metropolitan, em Nova Iorque, com 1,12 milhões (83%) e em décimo lugar o Museu de Arte Contemporânea do Século 21 em Kanazawa, no Japão, com 971 mil entradas (63%).
No relatório, que destaca as grandes perdas sobretudo nas cidades europeias – Paris, Londres e Madrid – são também mencionados os casos dos museus mais visitados no Brasil, onde dados oficiais apontam encerramentos numa média de 203 dias em 2020, “mais do que em qualquer outro país” pesquisado no documento.
Mais precisamente, o relatório indica que o Centro Cultural Banco do Brasil, o braço cultural do maior banco do país, que atrai anualmente milhares de visitantes às exposições nas suas dependências em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, tiveram uma afluência combinada de 1,6 milhões de visitantes, o que representa uma descida de 72% em relação aos 5,6 milhões inscritos em 2019.
As visitas ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (140,738), ao Museu de Arte Moderna de São Paulo (44,176) e à Pinacoteca de São Paulo (135,518) sofreram quebras de 81%, 79% e 75% respetivamente, enquanto o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, registou uma quebra de 45%, ficando-se nos 309.760 visitantes.
“Apesar do aumento dos contágios pela covid-19, as instituições de arte brasileiras foram alvo de crescente pressão por parte do governo, para se manterem abertas. Durante a crise pandémica, o presidente Jair Bolsonaro pressionou o comércio para se manter aberto e, em fevereiro, suspendeu fundos vitais ao meio cultural em regiões que aplicaram restrições para conter a pandemia”, lê-se no relatório.
Na Europa, o The Art Newspaper aponta a quebra do turismo internacional como um dos principais fatores da descida nas visitas aos museus, e consequentemente das suas receitas, provenientes sobretudo dos meses mais lucrativos do verão.
Paris, por exemplo, recebeu apenas 5% do seu número habitual de turistas e os seus três maiores museus – o Louvre, o Centro Pompidou e o Museu d’Orsay – viram uma quebra geral de 73% de visitantes, de 4,5 milhões, face aos 16,5 milhões em 2019, registando-se, no entanto, algumas histórias de sucesso, em exposições como a dedicada a Leonardo da Vinci, que obteve 10.000 visitantes diários.
Também a quebra do turismo afetou os maiores museus na vizinha Espanha: O Prado, em Madrid, teve uma quebra de 76% (de 3,5 milhões em 2019 para 852.000), sendo forçado a encerrar 85 dias, e o Museu Rainha Sofia de 72% na afluência (de 4,4 milhões em 2019 para 1,2 milhões), fechado 80 dias, e depois aberto em 33% da capacidade.
Por seu turno, em Itália, os Museus do Vaticano, as Uffizi e as galerias de arte em Florença tiveram quebras de 81%, 72% e 81%, respetivamente, e no Reino Unido, a Tate Modern foi a mais visitada, ultrapassando o Museu Britânico, que se encontrava à frente na última década, exceto em 2018.
Em Portugal, os museus perderam entre 70 e 80% dos visitantes, devido às restrições impostas pela pandemia, uma “diminuição drástica”, revelou há uma semana, num seminário, em Lisboa, o presidente do Observatório Português de Atividades Culturais (OPAC), José Soares Neves.
“Os visitantes ficaram reduzidos praticamente só aos nacionais”, indicou José Soares Neves, sobre o universo de 660 museus do país.
O programa de desconfinamento progressivo anunciado a 11 de março pelo Governo permite, a partir de 05 de abril, no setor da cultura, a reabertura de museus, monumentos, palácios, galerias de arte e similares.
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