“Já temos o apoio para o projeto e está a decorrer o procedimento para as obras de requalificação do edifício e também para a primeira parte da sua musealização e penso que, no final do primeiro trimestre de 2019, inauguraremos esta primeira fase de requalificação e funcionamento do Centro Interpretativo do Estado Novo”, anunciou Leonel Gouveia.

O autarca falava à margem da apresentação do livro “A queda de Salazar” de José Pedro Castanheira, Natal Vaz e António Caeiro, que decorreu em Santa Comba Dão, concelho natal do antigo estadista.

O Centro Interpretativo do Estado Novo vai funcionar na Escola Cantina Salazar, um edifício vizinho da casa onde António de Oliveira Salazar viveu e que, contou o autarca, “mudou tudo aquilo que foi a filosofia da ação social escolar do Estado Novo” até à sua entrada em funcionamento, em 1941.

“Havia metodologias em termos de ação social escolar que foram alteradas com a entrada em funcionamento desta escola e que foram, depois, repercutidas em tudo o que foi a ação social escolar seguinte e, só por isso, já era um edifício com história”, lembrou o autarca, elogiando a sua arquitetura e garantindo que “está totalmente preservada, sem qualquer alteração à construção original”.

O passo seguinte, e já com projetos a avançar em 2019, é o Museu do Estado Novo e, para isso, o município, que “era já titular de um terço do conjunto imobiliário pertencente a Salazar, desde a casa onde ele nasceu, a casa onde viveu, a primeira escola do Vimieiro e toda a zona envolvente”, adquiriu agora a parte restante do terreno.

“Vamos agora trabalhar no próximo ano num projeto complementar ao centro interpretativo existente na escola cantina, agregando tudo isto num único projeto que trará, naturalmente, não só visitantes, como estudiosos, e queremos que Santa Comba Dão tenha uma relevância naquilo que foi a figura de Salazar e a história do Estado Novo”, assumiu Leonel Gouveia.

O autarca lembrou que estes projetos, “há muito falados, ainda não tinham avançado, não só por limitações financeiras, mas também por alguma incomodidade, mais até nas entidades a nível nacional que a nível local” mas, defendeu o autarca, comparando com o caso de Adolf Hitler, na Alemanha, “a história tem que ser contada, não pode ser cortada, tem que ser é factual”.

“É esse o nosso propósito, ter um centro interpretativo e todo um conjunto envolvente que seja factual, que não seja um santuário, nem um ‘inferno’ da figura, mas que relate com fidelidade, sem nenhuma conotação ideológica, a história vivida nesse período”, desejou.

Isto, porque, continuou o autarca, a autarquia quer que a implementação do projeto “seja pacífica, do ponto de vista da aceitação”, uma vez que “será sempre controversa” qualquer iniciativa relacionada com António Salazar.

O centro interpretativo tem um orçamento de “170 mil euros para a requalificação do edifício e para a criação da primeira parte”, a ser inaugurada no início de 2019, e que “não engloba o edifício todo, nem a parte museológica, de conteúdos”, sendo que isto será desenvolvido mais tarde.

Leonel Gouveia explicou à agência Lusa que a ideia é “acoplar a figura de Salazar a outras figuras importantes da região” e a título de exemplo falou em Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato (Carregal do Sal), a família Lacerda, no Caramulo (Tondela), Tomás da Fonseca e Branquinha da Fonseca, em Mortágua, todos estes concelhos do distrito de Viseu.

“Estamos, através de uma associação de desenvolvimento local, a trabalhar num projeto que candidatámos ao Programa Valorizar que se chama Rota das Figuras Históricas onde temos incluída a requalificação e musealização da parte restante da escola cantina Salazar e queremos com isto fazer um território que tem uma história”, anunciou.

A candidatura relativa a Santa Comba Dão é no valor de 370 mil euros e terá, “no primeiro semestre a abertura parcial” apesar de, especificou o autarca, “ser um projeto a concretizar num período de dez anos, porque será realizado por partes” e a cada parte finalizada, acrescentou, “serão realizadas reuniões para debater o trabalho e a fase seguinte”.

“Para já, o primeiro trabalho a concretizar passa pela reabilitação de duas salas, uma para exposições temporárias que fará recursos, muito mais a conteúdos multimédia de que um espaço museológico, propriamente dito, será dentro de um conceito muito mais interativo”, rematou o autarca.