A inclusão do Museu Nacional Machado de Castro na área classificada como Património Mundial, em 2013, foi decidida na 43.ª Sessão do Comité do Património da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão, até 10 de julho.
O Museu Nacional Machado de Castro não foi incluído na área que veio a ser classificada em 2013 por se encontrar em trabalhos de restauro e remodelação na ocasião em que foi apresentada a respetiva candidatura (quando a Alta universitária e Rua da Sofia foram classificadas Património da Humanidade, os trabalhos no museu já estavam concluídos).
Monumento nacional desde 1910, o espaço do museu foi centro administrativo, político e religioso na época romana, foi templo cristão, pelo menos desde o séc. XI e paço episcopal a partir da segunda metade do séc. XII, refere a Direção-Geral do Património, na sua página na internet.
Neste museu nacional encontram-se depositadas mais de uma centena de obras consideradas Tesouro Nacional, sendo que parte significativa e qualificada da coleção provém de antigos colégios universitários, igrejas ou mosteiros que se encontram já na área classificada (Sé Velha, Sé Nova, Mosteiro de Santa Cruz).
Durante o processo de elaboração da candidatura da Universidade de Coimbra a Património Mundial, o edifício do Museu esteve encerrado devido a uma intervenção de requalificação, que decorreu entre e 2004 e 2012. Esta intervenção, da responsabilidade do arquiteto Gonçalo Byrne, veio a receber o Prémio Piranesi/Prix de Rome, em 2014.
Desde a reabertura do Museu Nacional de Machado de Castro que um conjunto mais vasto de coleções, particularmente as relativas à História e presença da Universidade de Coimbra, se encontram na Exposição permanente.
O Santuário do Bom Jesus, em Braga, e o conjunto composto pelo Palácio, Basílica, Convento, Jardim do Cerco e Tapada de Mafra também receberam hoje a classificação de Património Cultural Mundial da UNESCO.
“Atitude de permanente requalificação do Bem”
O subdiretor geral do Património Cultural, David Santos, considerou que a inclusão do Museu Nacional Machado de Castro (MNMC) na área património mundial de Coimbra é uma “atitude de permanente requalificação do Bem”.
“A expansão da área classificada pela UNESCO, como Património Mundial, Universidade de Coimbra – Alta e Sofia, para inclusão do MNMC é, antes de mais, uma atitude de permanente requalificação do Bem, no sentido de equilibrar e reforçar a sua identidade", refere David Santos, citado num comunicado.
Este responsável diz também que este “reconhecimento contribuirá, certamente, para um fortalecimento da sua integridade e para uma responsabilidade partilhada, no sentido da proteção, conservação e salvaguarda de um Património de excecional relevância”.
"É um momento de grande relevância, grande significado e grande contentamento"
O presidente da Associação RUAS - Recriar a Univer(s)cidade e vice-reitor da Universidade de Coimbra para o Património, Edificado e Infraestruturas considerou, por seu lado, a inclusão do Museu Machado de Castro na lista do património mundial como um “momento da maior importância”.
A associação RUAS foi criada para salvaguardar, promover e gerir as áreas candidatas e de proteção, definidas pela candidatura e aceitação da Universidade de Coimbra, Alta e Sofia a integrar a Lista de Bens de Património da Humanidade da UNESCO.
Alfredo Dias diz tratar-se de "um momento da maior importância para o património classificado mas também para a Universidade e o Museu Machado de Castro".
"É um momento de grande relevância, grande significado e grande contentamento", explica este responsável, citado num comunicado.
O vice-reitor deixou ainda um agradecimento “a todas as entidades envolvidas no processo, nomeadamente a Universidade de Coimbra, o Museu Nacional Machado de Castro, a Direção Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Coimbra, a Comissão Nacional da UNESCO e a Comissão UNESCO permanente em Paris”.
A diretora do Museu Nacional Machado de Castro (MNMC), Ana Alcoforado, diz que sente a integração do museu na área classificada como Património Mundial em Coimbra, hoje decidida pela UNESCO, como um “imperativo da cidadania mundial".
Enquanto “espaço fundacional da cidade, contentor de uma riquíssima materialidade que preserva uma memória histórico-artística comum”, a diretora do museu “sente este processo de inclusão na área classificada – Universidade de Coimbra, Alta e Sofia – como um imperativo da cidadania mundial", afirma Ana Alcoforado, citada numa nota hoje divulgada, a propósito desta decisão da UNESCO.
"Este é um momento de celebrar e de reafirmar a determinação de estar cada vez mais próximo da comunidade que, ao longo de séculos, construiu a nossa identidade, e de abraçar e arquitetar novos desafios ", destaca Ana Alcoforado.
A aprovação pelo Comité do Património Mundial da inclusão do Museu Nacional de Machado de Castro na área classificada como Património Mundial permite o reforço do valor excecional do Bem e vem consolidar a realização e redefinição de programas de âmbito cultural e de fruição patrimonial para a Alta da cidade, sustenta.
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