Em declarações à Lusa no final de uma reunião com o executivo municipal, o presidente da CURIFA - Comissão Unitária de Reformados e Idosos da Freguesia da Ajuda adiantou que essa “solução intermédia” proposta pela associação “foi aceite” pela gestão autárquica.
Segundo Vítor Pereira, na “reunião produtiva” estiveram presentes o presidente da CML, Carlos Moedas (PSD), e a vereadora dos Direitos Humanos e Sociais, Sofia Athayde (CDS-PP), e firmou-se o compromisso de avançar com aquela solução “o mais rapidamente possível”.
Em causa está a decisão do Governo de instalar um centro de acolhimento temporário de migrantes no antigo hospital militar, onde a autarquia lisboeta se tinha comprometido a construir um centro intergeracional.
No dia 15, a CURIFA convocou uma concentração que juntou duas centenas de fregueses. Os participantes aprovaram, por unanimidade, um documento em que reivindicam a criação do centro intergeracional no hospital militar, situado na Boa-Hora, e a construção de habitação acessível no Quartel Lanceiros 2, na Calçada da Ajuda.
“A população idosa da freguesia da Ajuda está a ser prejudicada”, assinalou Vítor Pereira, reconhecendo, simultaneamente: “As pessoas não podem viver em tendas, não podemos querer para os outros o que não queremos para os nossos.”
“Conseguimos encontrar pontos comuns no sentido de ir ao encontro das necessidades da população idosa da freguesia da Ajuda e também dos sem-abrigo”, frisou, acrescentando que a CURIFA ficou de apresentar, para a semana, “uma radiografia dos idosos da Ajuda” e que já tem reunião marcada com a vereadora Sofia Athayde para 10 de julho.
A freguesia tem “uma população bastante envelhecida e com poucos recursos financeiros” e “o apoio prestado não é o suficiente para a qualidade de vida a que os idosos têm direito”.
Ouvido na altura do anúncio feito pelo Governo sobre a instalação de um centro de acolhimento de migrantes, o presidente da Junta da Ajuda sublinhou as necessidades “prementes” da freguesia.
Jorge Marques (PS) recordou que essas necessidades foram identificadas em 2018 e que o atual executivo municipal se comprometeu a executar o projeto do centro intergeracional na Ajuda.
Segundo Vítor Pereira, a criação do centro nas instalações do desativado hospital continua em cima da mesa, mas “demorará tempo - são precisos estudos e um plano”.
Já no dia 19 Carlos Moedas tinha dito que o centro de acolhimento para migrantes será temporário e compatível com o apoio a idosos.
“O edifício de que estamos a falar não tem a ver com o edifício do centro intergeracional”, realçou, na reunião pública descentralizada da CML dedicada às freguesias de Alcântara, Ajuda e Belém.
Da reunião de hoje entre a autarquia e a CURIFA saiu também um acordo para firmar um protocolo “com datas e compromissos sem hipótese de recuos” e a decisão de criar um grupo de trabalho sobre pessoas sem-abrigo.
“Estamos a falar de sem-abrigo de várias nacionalidades, com problemas específicos a que é preciso dar resposta”, realçou Vítor Pereira.
A CURIFA já pediu também uma reunião com o Ministério da Defesa, proprietário dos espaços desativados do hospital militar da Boa Hora e do Quartel Lanceiros 2.
“O Ministério da Defesa tem de dizer claramente o que pretende fazer no futuro com os dois equipamentos desativados e se está disponível para os colocar ao serviço da população”, instou.
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