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O Instituto Politécnico da Guarda está empenhado em convencer a população mais velha, em geral, os reformados, em particular, a voltar a estudar. Sim, voltar à escola e mais concretamente ao ensino superior. "Licenciaturas ou mestrados" para os mais velhos, foi este o mote lançado por Joaquim Brigas, Presidente do IPG.
Com base numa avaliação feita ao abrigo do projeto SER65+, percebeu-se que existe uma vasta comunidade sénior capaz de integrar este desafio, não só quem agora se reformou e tem mais tempo para outras atividades, como outros que em tempos tiveram de seguir caminhos diferentes, mas que agora podem voltar a pegar nos livros e voltar aos estudos.
"Muitos de vós, com sessenta, setenta anos, acabaram de se aposentar das carreiras profissionais e estão em condições de tranquilidade económica, e de capacidade cognitiva e intelectual, para aumentar os vossos conhecimentos e as vossas competências. Há muitos seniores na Guarda e na área de influência do IPG que têm todas as condições para retomar a formação académica que concluíram ou interromperam quando tinham vinte e poucos anos. E há também aqueles que, por diversas razões, não estudaram tanto quanto desejavam e que têm agora uma oportunidade ímpar para o fazerem em verdadeiros cursos de licenciatura ou mestrado", salienta ao 24notícias.
Joaquim Brigas incentiva mesmo esta população mais velha a concretizar sonhos que outrora foram interrompidos, por este ou aquele motivo. O presidente do IPG, localizado na cidade mais alta do país, acredita mesmo que há espaço para sonhar, para voltar atrás no tempo e seguir um rumo que há muitos anos não pôde ser seguido.
"Este projeto surgiu precisamente da avaliação multidimensional dos seniores da região da Guarda. Perceberam-se duas coisas. A primeira é que há uma população muito válida, em boas condições cognitivas e de saúde, que tem o ensino secundário feito e que reúne condições para ingressar no ensino superior. A segunda, é que esta população tem uma vontade expressiva de aprender coisas e disponibilidade para voltar a estudar. Nuns casos, já são licenciados, mas querem experimentar novas áreas de conhecimento ou aprofundar os estudos. Noutros casos, fazem gosto em ter uma experiência no ensino superior que a vida, há quatro ou cinco décadas, não lhes proporcionou", afirmou o presidente do IPG.
"Há uma população muito válida, em boas condições cognitivas e de saúde, que tem o ensino secundário feito e que reúne condições para ingressar no ensino superior. (...) esta população tem uma vontade expressiva de aprender coisas e disponibilidade para voltar a estudar"Joaquim Brigas, presidente do IPG
Para já ainda não há números sobre os inscritos neste projeto, mas o IPG já recebeu contactos de pessoas que querem "saber mais sobre a possibilidade de voltar a estudar".
"O Gabinete de Apoio ao Estudante Sénior no IPG está a ser preparado para isso mesmo: apoiar os candidatos seniores a escolher a área de formação em que querem estudar e no reconhecimento de competências e estabelecimento dos ECTS [Sistema Europeu de Transferência e Acumulação de Créditos, sistema para medir o volume de trabalho dos alunos] necessários para completarem as formações escolhidas. O Gabinete apoiará também na formalização dos processos de inscrição e noutras questões em que surjam dificuldades", diz Joaquim Brigas.
"Os alunos seniores criam, em regra, ótimos ambientes nas salas de aula, mas são estudantes mais exigentes do ponto de vista científico e didático"
O regresso dos mais velhos à escola é muito bem visto na Guarda e de acordo com o presidente do IPG poderá também ter uma influência muito positiva para professores e alunos mais novos.
"Além dos benefícios para os próprios seniores que vierem estudar, que são imensos, o Politécnico da Guarda conta com dois efeitos relevantes, já verificados em universidades estrangeiras que convidaram a população mais velha da sua área de influência a frequentar os seus cursos. O primeiro efeito é, desde logo, nos professores. Os alunos seniores criam, em regra, ótimos ambientes nas salas de aula, mas são estudantes mais exigentes do ponto de vista científico e didático. Como têm mais conhecimentos, fruto da sua experiência de vida e das suas carreiras profissionais, também são mais participativos e perguntam mais coisas, querem saber mais das matérias que lhes estão a ser ministradas e 'exigem' mais aos docentes, no bom sentido. O resultado é que a presença de seniores nos cursos aumenta, por si só, a qualidade do ensino e das aprendizagens", diz, revelando depois a influência positiva destes nos colegas mais novos.
"O outro efeito muito relevante verifica-se no convívio dentro da comunidade académica. Os mais novos revelam uma grande disponibilidade para interagir e apoiar os mais velhos em coisas que estes não dominam bem, como as tecnologias de informação ou a Inteligência Artificial (IA), por exemplo. E a presença dos mais velhos nas salas de aulas, assim como a sua interação em trabalhos de grupos ou em projetos, tem um efeito imediato no interesse e no aumento do rendimento académico dos mais novos. É um efeito muito rápido, quase automático", disse.
Esta iniciativa do IPG surgiu através do projeto SER65+, financiado pelo Programa Interreg Espanha–Portugal, "um instrumento de cooperação transfronteiriça em que o Instituto Politécnico da Guarda participa e que é apoiado pela União Europeia".
"Neste projeto faz-se a avaliação multidimensional da autonomia funcional dos mais velhos nas regiões da fronteira de Portugal e de Espanha, com vista a desenhar e a implementar novas estratégias de cuidados integrados e de promoção do envelhecimento ativo e saudável", explica Joaquim Brigas.
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