O presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, chegou ao mercado municipal da Guarda mais de uma hora depois do previsto e tinha à sua espera o cabeça de lista pelo círculo, João Mário Amaral.
Com o mercado praticamente sem clientes, alguns comerciantes encontravam-se à porta, talvez chamados pelo aparato de jornalistas e bandeiras, a música que saía do megafone da Juventude Popular, ou o sol, mesmo com a baixa temperatura que se fazia sentir.
Mas o líder centrista trazia os “vales” na mão e o discurso pronto, e apresentou-o às poucas pessoas que encontrou atrás das bancas.
“Eu hoje estou a promover uma proposta do nosso compromisso eleitoral, é o vale-farmácia. Um cartão que paga todas as despesas na farmácia aos idosos com mais de 65 anos com as pensões mais baixas, todos os remédios ficam pagos”, explicou.
E apontou que “não opera por reembolso, é pagamento direto, não está só apenas sujeito aos medicamentos que sejam comparticipados, é para todo o tipo de medicamentos e é todos os meses, para que os idosos tenham uma poupança nas suas reformas e não tenham de escolher entre comprar alimentos ou comprar medicamentos”.
A cada pessoa que encontrava, Francisco Rodrigues dos Santos fez também questão de dizer que a proposta “já foi aprovada no parlamento”, nomeadamente um projeto de resolução (uma recomendação sem força de lei), e acusou o primeiro-ministro de recusar-se a implementá-la.
“Ai o malandro”, comentou uma comerciante, que ia exclamando “muito bem, muito bem” enquanto ouvia a explicação de Rodrigues dos Santos.
“Dê-nos força que esta medida vai mesmo para a frente”, pediu o líder centrista.
O centrista ouviu também palavras de incentivo de uma comerciante, Estela, que pediu “que isto mude para melhor”, mas quis saber de seguida se o CDS vai ajudar o pequeno comércio.
“Claro que também ajudo. Querida, nós até temos propostas para reduzir impostos sobre os pequenos empresários, para reduzir a carga fiscal na fatura da eletricidade e dos combustíveis, nós queremos de facto ajudar a nossa economia”, respondeu, defendendo que “mudar é com o CDS”.
Mas houve também quem pedisse ao presidente do CDS que não faça promessas em vão.
“Vocês e os outros todos prometem, não prometam porque depois vocês não cumprem. Todos prometem, todos prometem”, atirou outra vendedora.
Na resposta, Francisco Rodrigues dos Santos voltou a justificar que a proposta só não avançou porque o Governo não quis.
“Se formos Governo e tivermos força, esta proposta que já está aprovada vai mesmo para a frente. Esta não é daquelas promessas que os políticos fazem nestas alturas”, garantiu.
“É quase todos os dias assim, exceto um dia ou dois”, disse outra comerciante, referindo-se à falta de clientes, tendo o cabeça de lista retorquido que a zona perderam “18 mil pessoas nos últimos censos”, o que considerou ser o “resultado de más políticas, de planos de desenvolvimento feitos em Lisboa sem falar com as pessoas que cá estão”.
Já fora do mercado, outra cidadã voltou à carga: “Este é o tempo de muitas promessas, muitas promessas, mas quando chega a hora certa…”.
“Se os políticos não apresentam soluções é porque não apresentam, se apresentam é porque fazem promessas. Nós também temos de nos decidir”, respondeu Francisco Rodrigues dos Santos.
Depois do mercado, a comitiva centrista seguiu para o centro da cidade, mas a ausência de pessoas continuou a fazer-se sentir.
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